Para tentar evitar problemas com os aplicadores das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) investiu na contratação de pessoal de apoio e aumentou em 25% o tamanho da equipe. O MEC já conta com os faltosos e afirma que o planejamento de preparação dessa equipe começou em outubro. Apesar do esforço, há fiscais que não fizeram o treinamento e foram convocados há poucos dias. O exame começa neste sábado em 1.615 cidades do País, das quais 35 no Rio Grande do Norte. São esperados 5,7 milhões de inscritos. No RN, estão inscritos 131,5 mil alunos. O exame é usado como processo seletivo para praticamente todas as universidades federais do Brasil, além de critério para concessão de bolsas do Programa Universidade Para Todos (ProUni), financiamento estudantil e certificação do ensino médio.
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Com o crescimento da importância do exame - que ganhou status de vestibular em 2009 -, estudantes passaram a reclamar ainda mais do despreparo dos fiscais na hora da aplicação. São eles os responsáveis por orientar o preenchimento do exame, fazer valer as regras da prova, tirar dúvidas e agir em caso de detecção de cola.
Segundo o MEC, vão participar da aplicação 539.919 pessoas, entre coordenadores, fiscais e pessoal de apoio. No ano passado, esse número girava em torno de 435 mil. O aumento reflete o salto de 7% no número de inscritos no exame, mas também a preocupação do MEC de evitar transtornos. A Pasta afirma que a capacitação começou em junho, com curso dado a distância para 35 mil pessoas. Entre setembro e outubro, teria ocorrido a capacitação nos locais que envolveriam também os fiscais de sala e grupo de apoio. A Pasta não informou quanto foi investido na capacitação nem quantos profissionais foram capacitados.
A reportagem apurou que houve convocações nesta semana. Uma professora de educação básica na zona leste vai participar pela primeira vez da aplicação. Foi convidada na segunda-feira. "Preferia ter um cursinho antes, nunca vi uma prova do Enem. Mas acho que na hora a gente se vira", disse ela, que pediu para não se identificar. Ela vai ganhar R$ 150 por dois dias de trabalho. O MEC afirma que ninguém mais está sendo convocado, mas pode haver casos excepcionais.
Com a experiência de ter feito os últimos três exames, o vestibulando de Medicina Murilo Augusto Gil Tunussi, de 21 anos, diz que a desorganização dentro da sala de aplicação já é uma tradição do Enem. Segundo ele, a diferença em relação a outros vestibulares, como o da Fuvest, é "enorme". "É muito perceptível o despreparo e isso atrapalha muito. Tem gente que deixa lápis, outros não. Proíbem relógio digital, mas não informam quanto tempo já passou", diz ele, aluno do cursinho Etapa. "Você já está nervoso e isso atrapalha muito." O estudante mora no Tatuapé, zona leste de São Paulo, mas seu local de prova é na Vila Mariana. "Não entendo esses critérios, mas vou sair de casa bem mais cedo." Os portões abrem às 12 horas e às 13 horas eles são fechados para o início da prova. O horário é de Brasília.
O MEC e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela realização, tem em 2012 a quarta chance de realizar um novo Enem sem problemas. Desde 2009, quando se tornou vestibular, houve falhas. Primeiro, o Estadão avisou o MEC do vazamento das provas e o exame foi cancelado. No ano seguinte, houve falhas na impressão e o tema da redação vazou na Bahia. Em 2012 foi a vez de um colégio do Ceará distribuir, semanas antes do exame, questões idênticas às que caíram nas provas. As questões foram vazadas do pré-teste realizado na escola em 2010. Mesmo com esse histórico, o exame cresceu. Neste ano, o número de inscritos foi recorde.
*Tribuna do Norte
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