Por Josemário Alves
A Lagoa do Piató, localizada no município de Assu e tida como o maior reservatório natural de água doce do Rio Grande do Norte, alcançou no dia 16 de dezembro de 2014, o nível mais crítico dos últimos quinze anos. Secou. Com sua capacidade totalmente zerada, o reservatório com cerca de 18 quilômetros de extensão tem afetado negativamente cerca de 600 famílias que usavam suas águas do lago como fonte de renda.
No passado a lagoa beneficiava toda a região do Vale do Açu. Movia a economia regional com a produção de peixe, mandioca, milho, feijão, entre outros legumes. Em tempos passados, a população ribeirinha residente em cinco comunidades ao redor do reservatório chegavam a enviar toneladas de peixes para outros estados como Ceará e Paraíba, além de abastecer vários municípios do Rio Grande do Norte. Hoje, o cenário é agonizante.
“Pra mim ela representava tudo no mundo, hoje em dia é uma tristeza ver ela assim seca, quando eu olho para dentro dela chega eu choro. Meu marido sai de madrugada de moto pra Touros, arriscando a vida pra ganhar uma mixaria. Quando a lagoa tava cheia, a coisa era diferente, ele vivia em casa, pescando. Uma lagoa dessa me faz falta demais”, disse a moradora Antônia Alves.
Segundo Ítalo Costa, morador do Porto do Piató, os pescadores da região estão se deslocando até outros reservatórios, como a barragem Armando Ribeiro Gonçalves em Itajá, para garantir o seu sustento. Ainda na região tem o Açude do Mendubim e do Pataxó, além do próprio leito do Rio Piranhas/Açu perenizado pelas comportas da Armando Ribeiro Gonçalves, que foi concluída em 1983 e transbordou pela primeira vez dois anos depois.
Além da pesca, a Lagoa do Piató era utilizada como um ponto turístico, fazendo sucesso nos períodos festivos como o carnaval quando recebia até 7 mil foliões. “Agora não vem ninguém nem mesmo no carnaval”, declara Dioclécio de Souza, representante da comunidade Porto do Piató.
A última vez que o reservatório alcançou o nível mais crítico foi no ano de 1999, mas logo teve sua capacidade recuperada pela metade com a reconstrução de um canal que liga a lagoa ao rio Piranhas-Açu e um inverno razoável. Em 2001, para recuperar seu potencial pesqueiro, foi colocado milhões de alevinos de tilapia do nilo e tucunaré. Entretanto, com a enchente de 2004 o canal que abastecia a lagoa foi obstruído com areia e terra de suas margens.
Ítalo Costa, disse que a medida mais urgente a ser tomada para reverter à situação seria a reativação do canal. “Eu acredito que se o governo refizesse o canal, que eles tentaram fazer em 2007 e não deu certo, seria a solução dos nossos problemas”, afirmou. Este canal foi feito pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) no final de 2007 num formato que obteve resistência dos moradores da região e foi totalmente destruído no início do ano seguinte, deixando um enorme prejuízo aos cofres públicos.
Em julho deste ano de 2014, o secretário Luciano Cavalcanti, da SEMARH, disse à imprensa que tem se reunido com a Agência Nacional de Água e o Ministério da Integração, com objetivo de criar um plano emergencial para evitar que a seca prejudique mais ainda o abastecimento de água no Rio Grande do Norte e dentro desta proposta estaria à revitalização da Lagoa do Piató. Esta proposta não avançou no Governo Federal.
Lagoa precisa de um canal de alvenaria para receber água do Piranhas/Açu
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