segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

“Novo aeroporto será elefante branco se o Estado não se tornar um exportador”

Aeroporto Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante, hoje é utilizado, basicamente, para receber turistas

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Conhecido pelo seu grande conhecimento sobre desenvolvimento econômico, o ex-deputado federal Ney Lopes afirmou, em entrevista aO Jornal de Hoje, que se preocupa com a utilização do novo aeroporto do Rio Grande do Norte, localizado em São Gonçalo do Amarante (Grande Natal). O motivo é que o equipamento poderá se tornar um “elefante branco” se o Estado não reassumir seu papel de exportador, aproveitando, para isso, seu potencial local e sua posição geográfica.

“O aeroporto Aluízio Alves será inviável se não tiver ao lado uma área econômica especial, englobando vários municípios, tudo de acordo com o modelo global, que levou ao desenvolvimento inúmeros países, a começar pela China”, afirmou o ex-deputado, acrescentando que só o turismo jamais dará ao novo aeroporto a viabilidade que ele precisa. “O turismo representará, no máximo, 15% da capacidade total dele”, acrescentou Ney Lopes.

Segundo o ex-deputado, é importante lembrar que o aeroporto está localizado em área geográfica privilegiada, a mais próxima da Europa, África e canal do Panamá, na América Latina e no Caribe. “Usar o aeroporto de São Gonçalo do Amarante como polo exportador e turístico é o caminho racional para não prosperar o engodo e a enganação de uma ZPE isolada em Macaíba, como vem sendo anunciada, na qual foi privatizado até o manejo e a oferta de impostos federais, estaduais e municipais. Capital e lucro não podem ser fiscais de si próprios, com veda a Constituição, mesmo com a palavra final sendo do governo”, analisou.

Ney Lopes acrescenta que as ZPEs de Macaíba e Assú devem existir, são necessárias e úteis para serem agregadas a outros municípios potiguares, através da criação de núcleos de produção regionais, como meio de apoio à identificação, produção e exportação de produtos locais, através de uma área econômica especial,a ser criada.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Além de sugerir a ZPE, Ney Lopes ressaltou também que o futuro responsável pela pasta do Desenvolvimento Econômico, que ainda não foi apresentado pelo futuro governador Robinson Faria, tem que ser alguém antenado com os novos aspectos e parcerias para produção.

“Há um risco de ‘importar’ nomes exógenos para a nova administração, que poderão ajudar muito lá fora, no país e no exterior, conseguindo financiamentos, mas pouco ajudarão internamente na definição das vocações e prioridades naturais do Rio Grande do Norte. Esses nomes poderiam ser assessores especiais, consultores financeiros, para contatos com organismos internos e externos, nunca gestores diretos da administração estadual”, ressaltou Ney Lopes.

“‘A prata da casa’ competente é que deveria ser convocada. Nas universidades, vida privada, profissionais liberais etc, existem muitos talentos com ideias, propostas, todos inaproveitados, sem chances e sem vez. Não se trata de discriminação, mas é preciso ‘dá vez’ a esses talentos locais, enquanto é tempo, ao invés de entregar à palavra e o poder a quem chega de outro estado, ou país, com sotaque estranho”, acrescentou o ex-deputado.

IDEIAS NOVAS

Ney Lopes ressaltou que, um homem de fora, fará pouco mais que o “feijão com arroz” no Estado, enquanto um potiguar saberia explorar toda a potencialidade econômica da nossa região, implantando técnicas e estratégias novas, mas cientes da necessidade de proteger a economia local.

E, dentre as estratégias que poderiam ser implantadas, além da ZPE para incentivar o dom exportador do Estado, Ney Lopes citou o Joint Venture e o Drawback. O primeiro diz respeito a formulação de parcerias entre empresas para viabilizar exploração ou produção de determinados produtos em uma região.

Dessa forma, o Joint Venture permite às partes envolvidas beneficiarem do know-how, conseguindo superar barreiras em um novo mercado; beneficiar de novas tecnologias; investigar e expandir atividades que tenham em comum; competir de forma mais eficiente e ampliar mercados visando a internacionalização.

Já o Drawback consiste, a grosso modo, na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre matérias primas, insumos, componentes e embalagens e insumos importados, para industrialização de produtos exportados.

“Essas são estratégias utilizadas nos grandes exportadores para fortalecer a economia local. Precisamos utilizar isso, aliado a uma legislação que proteja empresas locais, para fazer o RN assumir sua condição de exportador. Isso é possível, basta ter vontade”, afirmou Ney Lopes.

O Jornal de Hoje

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