segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Detentos fazem mulheres reféns para cobrar devolução TVs e transferência de presos

Caícó - RN

O clima na Penitenciária Estadual do Seridó segue tenso desde a tarde de ontem (16). Mulheres e crianças que entraram na unidade para visitar os presos foram feitos reféns e os apenados cobram o retorno de regalias e de líderes que foram deslocados para outro pavilhão pela direção do presídio. Ninguém foi ferido até o início da manhã, mas os presos ameaçam queimar colchões e iniciar uma destruição dentro da penitenciária. 

O motim começou durante o período de visitas. Os presos cobram que a direção do presídio devolva rádios e televisores que foram confiscados, além do retorno de sete detentos que foram deslocados dos pavilhões B e C para o A, onde é estão as celas destinadas ao "castigo". Há informações de que as mulheres que estão dentro da unidade, companheiras dos presos, permaneçam no presídio voluntariamente. As duas crianças que ainda estão na penitenciária são filhas de detentos e estavam acompanhadas das mães no momento das visitas. 

Segundo o coordenador da Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte, Aílson Dantas, os televisores e rádios foram confiscados porque a grade de uma cela foi serrada e os detentos não devolveram a barra de metal que foi retirada. A direção do presídio concordou em devolver os equipamentos caso os presos devolvam a grade, o que ainda não ocorreu. 

Já sobre a transferência dos sete presos, Aílson Dantas explicou que eles eram líderes dentro dos pavilhões e foram responsáveis por tumultos dentro da unidade. Quanto ao retorno deles, não há acordo. "A direção condicionou a devolução das TVs e dos rádios à devolução da barra de ferro, que ainda não aconteceu. Os presos que foram transferidos não vão voltar", garantiu. 

Apesar de afirmar que não considera reféns as mulheres e filhos dos presos, a Sejuc disse que há um trabalho de negociação para que o motim tenha fim. Representantes do Judiciário, inclusive, seriam convidados para participarem da negociação, mas o convite ainda não foi feito. Segundo o juiz de Execuções Penais, Henrique Baltazar, ele não foi recebeu contato para tratar da questão, assim como o juiz Luiz Cândido, de Caicó. 

"Não fui convidado para tratar dessa questão e só irei se tiver respaldo da corregedoria do Tribunal de Justiça e do secretário de Justiça e Cidadania. Sem Há toda uma equipe e precisamos nos resguardar", disse Luiz Cândido. 

A Polícia Militar e os agentes penitenciários estão em prontidão desde ontem. Porém, a presença de crianças dentro da unidade prisional inibiu uma ação de força para finalizar o motim. Além do retorno dos sete presos que foram transferidos e das regalias, os presos também querem que os estupradores sejam levados para o pavilhão A e fiquem isolados dos demais. A penitenciária abriga aproximadamente 400 detentos. 

TVs 

O regimento do sistema carcerário estadual proíbe que as penitenciárias do Rio Grande do Norte tenham televisores. De acordo com o juiz Henrique Baltazar, as celas não podem ter sequer pontos de energia elétrica. Porém, é comum que os presos utilizem gambiarras para que ventiladores, rádios e televisores sejam utilizados. 

Segundo o coordenador da Administração Penitenciária, Aílson Dantas, os televisores são utilizados pelos presos há vários anos e, mesmo estando fora da legalidade, "é uma regalia difícil de ser retirada". "Hoje, se tirarmos definitivamente, pode gerar um desconforto e um consequente transtorno muito grande", disse Aílson Dantas.

TRIBUNA DO NORTE

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