Apesar dos problemas, Natal ainda "brilha" no turismo
Natal é o terceiro destino turístico mais procurado no Brasil. O dado faz parte de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas, Estudos e Capacitação em Turismo (Ipeturis). Levantamento do Mtur, divulgado em novembro, já colocava a capital potiguar entre os cinco destinos turísticos mais desejados e um dos mais visitados no país. No estudo do Ipeturis, a cidade aparece atrás de Fortaleza (Ceará) e do Rio de Janeiro. O instituto entrevistou 302 agências de turismo, operadoras e empresas de receptivo e analisou a escolha do turista na hora de comprar o pacote de viagem.
Magnus Nascimento
Ana Carolina e o marido: em Ponta Negra, beleza, mas muitos problemas
Para Max Fonseca, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Norte (Abrasel/RN), o estudo mostra que 'Natal é boa até quando é ruim'. Mesmo com os problemas de infraestrutura, como interdição de boa parte do calçadão de Ponta Negra, irregularidade na coleta de lixo, e falta de banheiros químicos na orla, os turistas, segundo ele, ainda preferem vir para a cidade. Atentos a este movimento, bares e restaurantes da capital esperam um movimento maior do que o passado na alta temporada. "Só não dá para estimar em quanto", afirma Fonseca.
Apesar do entusiasmo, ele reconhece que os problemas podem comprometer a imagem da cidade no futuro. Essa é a principal preocupação de George Gosson, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no RN (ABIH/RN). "A imagem de Natal é um patrimônio da população. Deve ser preservado. Quantos milhões não foram investidos para que Natal se tornasse um dos destinos turísticos mais desejados no Brasil? Tudo isso foi conquistado com muita luta", diz Gosson.
Segundo Gosson, a rede hoteleira espera que a taxa de ocupação na alta temporada fique em torno de 85%, mesmo patamar alcançado no ano passado. Alguns hotéis, no entanto, já registram taxas superiores a 90% até 15 de janeiro. A preocupação é com o mês de janeiro, quando a taxa, segundo Habib Chalita, presidente da ABIH/RN, deve cair para 70%.
Já a Associação dos Proprietários Condutores de buggys do RN espera alta e estima que a procura pelos passeios seja até 20% maior do que no ano passado. Cada bugueiro, segundo Iveraldo Soares de Souza, presidente da associação, chega a realizar até quatro passeios nas dunas móveis de Genipabu. Os problemas na cidade, segundo ele, não afetaram os passeios - boa parte deles realizados distante das praias urbanas.
Apesar do lixo acumulado na praia e do calçadão em ruínas, a dona de casa Lúcia Omena, 52, e a advogada Gisele Rodrigues, 27, que caminhavam na beira da praia, em Ponta Negra, eram só elogios. Mãe e filha trouxeram a família inteira para Natal e não se arrependeram da escolha. Natural do Rio de Janeiro, o grupo de cinco pessoas passará cinco dias no estado. "A cidade é maravilhosa. As praias são lindas. As pessoas são simpáticas, solícitas. Vou recomendar", afirma Gisele. Ana Carolina Bordoni, arquiteta, 33, pensa diferente. Natalense, morou no Rio de Janeiro durante três anos, e voltou com o marido para Natal há menos de um mês. Carolina ficou indignada com a situação de Ponta Negra. "A praia está bem detonada. Cheguei a recomendar o destino para minhas colegas, mas acho vergonhoso os turistas encontrarem a cidade nestas condições".
Viagens
Segundo o Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo , o número de viagens domésticas subirá de 190,8 milhões, em 2011, para 197 milhões, em 2012, no Brasil. Até o final de dezembro, o número de brasileiros que viajarão pelo país deve chegar aos 60 milhões, superando o recorde de 58,9 milhões de 2011. "Se considerarmos que em 2013, com a Jornada da Juventude e a Copa das Confederações, iniciaremos uma maratona de grandes eventos internacionais, as expectativas para o turismo são extremamente animadoras", afirma o ministro Gastão Vieira. Para Marciano Freire, diretor do Ipeturis, o principal motivo do crescimento esperado é o aumento de gastos dos brasileiros com viagens. "Essa é a principal justificativa das empresas como fator de motivação para o aumento no movimento de turistas", diz. Segundo ele, ações empreendidas pelas próprias empresas; aumento do poder aquisitivo do consumidor (9,2%) e estabilidade econômica do país são fatores que também ajudam a explicar o cenário de otimismo. "O otimismo do setor é estimulado pela expansão do crédito e da renda, assim como pela queda nas taxas de juros e o alongamento dos prazos de financiamento", complementa Eduardo Nascimento, presidente do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo - Sindetur-SP.
TRIBUNA DO NORTE
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