segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

"O cidadão brasileiro não gosta de ser fiscalizado", diz superintendente da PRF

Roberto Lucena
repórter

Desde a última sexta-feira, a Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Norte (PRF/RN) está realizando a "Operação Carnaval". Segundo o superintendente do órgão, o inspetor Rosemberg Alves de Medeiros, a ação é uma verdadeira "operação de guerra". À frente da PRF/RN há quase dois anos, Rosemberg destaca várias operações em conjunto com o Ministério Público Estadual (MP). Nessa entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o policial explica os planos de expansão da instituição no Estado e como é a atuação da PRF nas diversas frentes de combate ao crime [veja box]. O inspetor prefere não citar números, mas o efetivo de policiais rodoviários não chega a 300 no RN. Número que deve aumentar com a realização de concursos públicos. "Teremos concurso público no segundo semestre desse ano. O efetivo vai sofrer acréscimo até 2014", colocou. Confira a entrevista completa:

Emanuel Amaral
Segundo o superintendente da PRF, Rosemberg Alves, o órgão deve ter concurso público no segundo semestre deste ano

O senhor está à frente da PRF/RN desde maio de 2011. Nesse período, quais as operações mais importantes?

A nossa proposta era de melhorar a gestão, foco na infraestrutura e aumento do efetivo. Quando falamos da parte operacional, é claro que todos os órgãos de segurança têm um planejamento voltado para essa parte. Nós temos uma aproximação, em todo Brasil, com o Ministério Público. O RN tem um diferencial que talvez o MP é o nosso maior parceiro quanto ao desenvolvimento de operações. Somos ajudadores do MP. Nesse período de quase dois anos, podemos destacar três operações em parceria com o MP, dentre elas, houve aquela que deu repercussão em nível nacional que foi o esquema de emissão de carteiras de habilitação no Estado, com foco principal na cidade de Mossoró. Foi um trabalho muito bom no sentido de coibir e desmantelar essa quadrilha. Tivemos outra operação, em conjunto com o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], MP e Polícia Civil, com relação ao cartel do sal. A última, no ano passado, foi uma parceira com a secretaria de Tributação e MP, onde uma quadrilha que sonegava impostos de combustível foi desmantelada, em Mossoró e Natal, onde empresários foram presos e o chefe do esquema foi pego na fronteira com o Paraguai, no último posto da PRF. Hoje, ele cumpre prisão em Natal. Essas operações exigem uma preparação maior, um efetivo maior. Para essa primeira operação, foram mais de 200 policiais, alguns de outros Estados.

Mas isso não é o cotidiano, não é a rotina da PRF, não é verdade? O cidadão encontra os policiais mais nas blitzen, por exemplo. Como está o efetivo da PRF no RN?

Nosso efetivo é reduzido. Não gosto de falar do número porque, quando dizemos, o cidadão de bem pode mensurar e dizer se é muito ou pouco, mas as pessoas que não são de bem, também fazem esse mesmo cálculo. De certa forma fragiliza a nossa segurança orgânica. Posso dizer para você que, nos últimos seis meses, aumentamos o nosso efetivo em torno de 25%. Fortalecemos as regiões de Mossoró e Caicó. Estamos fortalecendo a cidade de Natal, na primeira e segundo delegacia, que abrange Ceará-Mirim e outras cidades da região. Temos uma infraestrutura predial muito antiga. Não podemos reclamar com relação às viaturas. Os postos e prédios é que datam de 30 anos atrás. Por isso mesmo, estamos relocando postos e construindo postos novos. É o caso de Ceará-Mirim. Estamos mudando para próximo onde vai existir uma saída do aeroporto de São Gonçalo. Há também um posto sendo construído em Caicó. Ambos estarão até abril. Em Mossoró, no próximo mês, devemos começar a construção de um novo posto também. Já começou a terraplenagem.

São quantas delegacias e postos ao todo no Estado, cuja malha viária federal é de 1.600 quilômetros?

Temos a delegacia central em Natal e as descentralizadas em Macaíba, Ceará-Mirim, Mossoró e Currais Novos. E postos são oito ao todo. A delegacia de Currais Novos vai para Caicó. E antes que você me pergunte se o número é suficiente, eu repondo que não, mas estamos procurando trabalhando de forma estratégica para atender melhor à população. Temos também o Núcleo de Operações Especiais [NOE] que trabalha as questões mais específicas e funciona em Natal.

E a "Operação Carnaval", como está sendo realizada?

É uma operação de guerra. Recebemos mais bafômetros e temos um incremento de 50% no efetivo nesses dias. Fizemos uma convocação ordinária. A operação começou sexta-feira e termina à meia noite da próxima quarta-feira.

E como será a aplicação da nova Lei Seca?

Estamos num esforço muito grande, realizando palestras voltadas para a educação. Há um esforço em escolas, universidades, vamos mandar ofício para Igreja Católica propagar essa ideia. O cidadão brasileiro não gosta de ser fiscalizado, principalmente quando mexe com o bolso. Alguns bares e restaurantes já começam a mudar a cultura oferecendo taxi ou motorista, mas o índice de embriaguez ao voltante em Natal continua alto porque a cidade é turística e fazemos muito flagrantes de pessoas de fora. Ainda não estamos no padrão adequado.

O que o senhor acha da utilização de redes sociais e aplicativos em smartphones que divulgam os locais das blitzen? 

É uma dificuldade da tecnologia. Há parte positiva e negativa. É o mesmo que ocorre quando alguém, na estrada, sinaliza luz alto para outro motorista indicando que há blitz naquela rodovia. Inclusive existe uma multa para isso. Nós nos defendemos da utilização das redes sociais tentando dar uma mobilidade maior, não fazendo uma blitz muito longa em um só lugar, são fiscalizações curtas. Mas percebo que há um lado positivo nessa história. Se a pessoa avisa que há uma blitz, aquele motorista que está bebendo pode passar a direção para outra pessoa ou chamar um taxi. Se for uma pessoa que não está bebendo e ver o aviso, vai mudar seu roteiro para não enfrentar o trânsito mais complicado.

TRIBUNA DO NORTE

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