terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Estiagem: Colapso no abastecimento já atinge 10 cidades do Rio Grande do Norte

A situação dos reservatórios hídricos do Rio Grande do Norte permanece em estado crítico. A grave situação atinge, sobretudo, as regiões do Seridó e Alto Oeste, onde o número de cidades com abastecimento de água em colapso saltou de 4 para 10, no último mês - e poderá aumentar. Um dos quadros mais preocupantes é o do açude Gargalheiras (Marechal Dutra), em Acari, que está com apenas 5,60% de sua capacidade total e caso não chova poderá passar a integrar a lista. O reservatório é responsável por abastecer, além de Acari, o município de Currais Novos.
Jobel AraújoO Gargalheiras, em Acari, está com apenas 5,6% de sua capacidadeO Gargalheiras, em Acari, está com apenas 5,6% de sua capacidade

Os três maiores reservatórios do Rio Grande do Norte, as barragens Armando Ribeiro, Santa Cruz e Umari tem capacidade para acumular 3,29 bilhões de metros cúbicos de água, mas entraram em dezembro com um volume de 1,16 bilhão (35% do total)..

Os principais açudes do Seridó, monitorados pela Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, acumulam 430,7 milhões de metros quadrados quando cheios. Hoje tem 40,6 milhões - equivalente ao Gargalheiras - para abastecer uma população de 230 mil habitantes, dos quais 193 mil morando na área urbana dos 17 municípios da região.

Em novembro, a coordenadora de Gestão de Recursos Hídricos da Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Joana D’Arc, afirmou à TRIBUNA DO NORTE que o açude Gargalheiras poderia secar até dezembro, caso não houvesse chuvas para recarga dos mananciais, levando as cidades de Acari e Currais Novos à situação de colapso.

As chuvas, por ora, não vieram. A Caern não tem como estimar até quando poderá manter o abastecimento – mesmo já em situação de rodízio – nas duas cidades. O gerente do Escritório Regional da Caern, em Caicó, responsável por atender a região do Seridó, José Nilson Araújo, explica que o fator determinante para a manutenção do atendimento e distribuição de água pela companhia é a capacidade de tratamento. 

“Enquanto o reservatório tiver condições de tratamento para ter qualidade ao consumo humano estaremos trabalhando. Não temos como antecipar por volume”, esclarece Araújo.

Os reservatórios que mais preocupam são os açudes Gargalheiras e Itans, ambos no Seridó. O açude Gargalheiras – que tem capacidade para armazenar 44.421.480 metros cúbicos de água – está com o volume de 2.487.480 metros cúbicos, o que representa 5,6% de sua capacidade total. Já o Itans, cuja capacidade de armazenamento é de 81.750.000 metros cúbicos de água, está com 9,44% da capacidade, ou seja, 7.815.300 metros cúbicos. 

Em outubro último, com a situação de baixos níveis de água nos mananciais que abastecem as cidades de Currais Novos e Acari, a Caern alterou o sistema de rodízio no abastecimento que vinha sendo adotado. O açude Dourado, que em situação normal abastece Currais Novos, secou, fazendo com que a cidade passasse a ser abastecida apenas pelo açude Gargalheiras, que já abastece também Acari.

Desde o mês passado (novembro), o fornecimento de água para as duas cidades é feita por sistema de rodízio. A escala adotada prevê o abastecimento por 24 horas e a interrupção por 48 horas, de forma a garantir um período mais prolongado de suprimento de água no manancial. A cidade de Currais Novos tem população aproximada de 52 mil habitantes, enquanto Acari tem 16 mil moradores, em média.

Nos casos em que o sistema esgota a possibilidade de abastecimento, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) desativa o sistema e a responsabilidade pelo abastecimento emergencial passa a ser das prefeituras, Exército e Governo do Estado, por meio da Semarh e Defesa Civil. O DNOCS está construindo uma adutora de engate rápido que vai abastecer as cidades de Currais Novos e Apodi, com água da cidade de Serra de São Bento, para reduzir a dependência do Gargalheiras.

TRIBUNA DO NORTE

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