Os bancários do Rio Grande do Norte entram em greve por tempo indeterminado a partir de hoje. A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite de ontem na Escola Estadual Winston Churchill. A categoria vai se dividir em piquetes em frente às agências de Natal e do interior de bancos públicos e privados. Com a greve, a população só vai ter acesso aos serviços que não dependem dos funcionários. Os pagamentos de contas devem ser feitos em caixas eletrônicos, lotéricas, correspondentes bancários e internet.
Adriano Abreu
Indicativo de greve foi aprovado em assembleia realizada
no colégio Winston Churchill, em Natal
Os correspondentes bancários recebem contas de plano de saúde, TV por assinatura, cartão de crédito, água, luz, telefone, boletos, financiamentos com código de barras, com valor de até mil reais. Os saques, depósitos, transferências também devem ser feitos nos caixas eletrônicos. Aquele que precisar do serviço personalizado vai encontrar dificuldades.
"Infelizmente vai haver transtornos para a população, mas não vemos outra saída para a nossa luta. Desde 1º de agosto entregamos nossa pauta de reivindicação aos banqueiros e ele não negociam com a categoria", disse a diretora geral do Sindicato dos Bancários, Marta Turra
Na pauta da categoria estão: luta por melhores condições de trabalho, reajuste de 23%, reposição das perdas salariais a partir de julho de 1994, estabilidade do emprego nos bancos privados, isonomia entre funcionários novos e antigos, o fim do assédio moral nas agências, cumprimento da lei municipal das filas, redução da taxa de juros e contratação de mais funcionários.
A greve é nacional e foi confirmada ontem em assembleias realizadas em todos os Estados. Os banqueiros apresentaram proposta de reajuste linear para salários, pisos e benefícios de 6%. "As expectativas que eles (bancários) demonstram estão fora da realidade que a economia está vivendo. Este ano a economia está muito indefinida. Precisamos de certa cautela para fazer acordos", justificou o diretor de Relações de Trabalho da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico.
Ontem, os bancários voltaram a se reunir em assembleias para organizar a greve. "As assembleias não vão apreciar nada; são meramente organizativas. Avisamos desde o dia 5 e até o momento não recebemos nenhuma nova proposta", disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro.
"Eles estão querendo ver o tamanho da greve. No ano passado, de 18 mil agências, chegamos a 10 mil paralisadas. A expectativa é de mobilização no mínimo igual a do ano passado", afirmou Cordeiro. Em 2011, os bancários conseguiram reajuste de 9%, com 1,5% de aumento real. "Neste ano, o que eles ofereceram dá só 0,58% de aumento real", diz o presidente da Contraf.
Ribas contesta a avaliação dos bancários de que a Fenaban não está disposta a negociar: "Nós dissemos a eles: avaliem a proposta, vejam se existe alguma coisa que precisa ser feita de forma diferenciada, que nós levaremos aos bancos". De acordo com ele, a Fenaban está disposta a fechar acordo com os bancários, mas tem limitações. "Temos uma convenção coletiva bastante cara com muitos benefícios. É possível evoluir, mas não é possível fazer grandes saltos", afirmou. "Greve é ruim para banco, bancário, população. Nós estamos saindo de uma série de greves ao serviço publico e gostaríamos de evitar isso (a paralisação)", disse Ribas.
Além do reajuste salarial, os trabalhadores pleiteiam mudanças na participação nos lucros e resultados (PLR) e em outras questões econômicas. A proposta da Fenaban foi de PLR de 90% do salário acrescido de valor fixo de R$ 1.484,00, podendo chegar a 2,2 salários de cada empregado. A reivindicação dos bancários à Fenaban é de PLR de três salários mais R$ 4.961,25 de parcela fixa.
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