segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Agricultores reivindicam do poder público medidas efetivas no combate aos efeitos da seca

O dirigente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), João Diniz, anunciou em agosto que o Governo deveria adotar medidas de emergência diante dos prejuízos trazidos pela seca, iniciados no primeiro semestre de 2012, e prolongado durante o restante do ano. 

Nas comunidades rurais e assentamentos de Mossoró os agricultores reclamam da assistência precária fornecida pelos poderes públicos estadual e municipal.

João Diniz destacou que a estiagem tem trazido diversos prejuízos para o setor agrícola ao longo deste ano.
"As culturas de outono e inverno foram seriamente afetadas pela seca e, agora, as culturas de primavera e verão também foram comprometidas. 

E, se isto continuar, outubro, novembro e dezembro também apresentarão problemas por falta de chuva, pela escassez de água na agricultura. Como é sabido, a carência de chuva prejudica as culturas agrícolas, ou então obriga a gastos excessivos com rega mecânica, o que faz disparar os custos de produção que, normalmente, já são bastante caros", observou João Diniz.

Esse é o caso do agricultor Raimundo Rosa, que vive no Assentamento P.A Nova Esperança. Segundo ele, os animais de diversos criadores tiveram que ser vendidos, pois na região não tem chegado a assistência para manter o gado.

"Carro-pipa chegou aqui durante o período de eleição, passou o período eleitoral a ajuda cessou. A gente mal dá pra sobreviver com o salário que recebe, e ainda temos que comprar água, que está custando R$ 60 o caminhão pequeno e R$ 100 o grande. 

É mais vantagem fazer um esforcinho e tentar comprar um maior, para ver se dura mais tempo. Como está difícil ter líquido até para beber, a gente tem mantido poucos animais. Para eles, a gente compra água salgada", relatou o agricultor.

Ele complementa dizendo que se inscreveu no programa Garantia-Safra, mas não sabe quando vai receber o dinheiro.

"Mesmo sendo pouquinho dá pra ajudar. Quando fui receber o dinheiro, me disseram que a previsão é que em janeiro a gente receba, mas vai saber se isso é verdade mesmo. A gente está esperançoso que a situação melhore, dizem que quando a seca é muito rigorosa, os 4 anos seguintes são melhores, o jeito é esperar para ver".

A mesma situação vem sendo registrada no assentamento Mulunguzinho, como descreve a agricultora Maria José da Silva.

"A sorte de nós assentados é que a adutora Jerônimo Rosado passa pela área, mesmo assim ainda ficamos um tempo sem receber porque houve um problema na estação fornecedora. Muitos moradores do assentamento não estão sendo assistidos pelos projetos de emergência ou pelo Garantia-Safra. Meu marido é trabalhador rural, a gente perdeu toda a plantação deste ano, desta forma não temos qualquer fonte de renda, se não fosse a aposentadoria do meu pai não iríamos ter nem o que comer", contou Maria José. 

Sindicato se reúne em Natal com outros órgãos em busca de soluções para a falta de chuvas
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mossoró, Francisco Gomes disse que a ajuda fornecida pelas autoridades, no âmbito federal, estadual e municipal, tem sido muito reduzida.

"As ações que deveriam ser de emergência não condizem com o conceito, uma vez que as pessoas não estão tendo acesso a elas, e quando têm, estas chegam de forma tardia. É muita burocracia para conseguir se inscrever nesses projetos, das 133 comunidades rurais da região cerca 40% conseguem se cadastrar. As autoridades devem se organizar para implantarem medidas efetivas, pois tem muito agricultor perdendo os animais, as cisternas racham pela falta de água. Se não fosse a Prefeitura mandando um carro-pipa, a situação talvez estivesse ainda pior".

Na próxima semana, o presidente vai a Natal se reunir com outros sindicatos e associações para discutir medidas para tentar solucionar o problema enfrentado nos municípios do Estado.

Técnico da Defesa Civil, Edmar Teixeira informou que a Gerência de Agricultura iniciou em setembro o pagamento do Garantia-Safra, e o dinheiro já vem sendo depositado nas contas dos agricultores.

"Além destes programas temos realizado outras ações para minimizar os efeitos da seca, registrados nas comunidades rurais. A Defesa Civil em conjunto com a Gerência de Agricultura realizaram um contrato em Natal para podermos enviar carros-pipas à zona rural, a previsão é que até a próxima semana as pessoas que residem nessa área devem receber o benefício. 

A essas ações, soma-se a manutenção periódica nos poços e dessalinizadores", explicou Edmar.
O presidente do CNA, João Dinis, frisa a importância de o Governo investir em medidas de emergência para longo prazo. "Deve-se pensar também em 2013, porque as secas prolongadas, extremas, repercutem de um ano para o outro, não é só no ano em que ocorrem.

*O Mossoroense

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