Luciana Araújo
Da Redação
Wilson Moreno
Familiares, amigos, companheiros do rádio e ouvintes se reuniram ontem, 9, para prestar as últimas homenagens a Manoel Alves de Oliveira ou, simplesmente, Seu Mané, como era conhecido. O radialista, de 72 anos, que tinha a alegria como marca registrada, faleceu na madrugada desta segunda-feira, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional Tarcísio Maia, após alguns dias internado em coma. O velório aconteceu na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e o sepultamento ocorreu na tarde de ontem, no Cemitério Novo Tempo.
Seu Mané se despede, mas deixa na lembrança dos mossoroenses e dos ouvintes da região Oeste a lembrança do sorriso contagiante e as histórias cheias de alegria, que o transformaram em uma lenda do rádio potiguar.
“Isso para mim ficou para sempre, porque ele era como um irmão. Manoel era o folclore mais conhecido do rádio”, diz o amigo Severino Pedro da Silva, que conviveu com o radialista desde a década de 60.
“Fica a saudade, a história de Seu Mané, o legado dele, enquanto referência como locutor, animador”, reforça o radialista Tony Filho, que trabalhou com ele por 25 anos na Rádio Rural.
Aliás, a história do saudoso locutor se confunde com a história dessa emissora. Ele chegou a passar por outras rádios, mas foi a Rural que dedicou a maior parte de sua vida profissional. Os trabalhos começaram quando ele ainda era Assistente de Serviços Gerais (ASG), em 1963, antes mesmo da programação ter início.
De acordo com Tony Filho, depois disso, Seu Mané passou a trabalhar no controle de equipamentos. Mais tarde, quando um locutor da emissora viajou, ele foi substituir o comunicador que apresentava o programa ‘A Hora da Coalhada’. A desenvoltura frente ao quadro agradou ouvintes e a direção da emissora. Assim, Seu Mané conquistou o seu primeiro programa.
Com o passar do tempo vieram outros como ‘Notas e Avisos’, ‘Forrozinho Gostoso da Rural’, ‘Toca Tudo’, ‘Mensagens Musicais’ e ‘Rural Joia-joia’. Programas com perfis diferentes, mas com uma característica em comum: a alegria do apresentador.
Tony acredita que esse jeito diferenciado e irreverente fez com que muitos locutores do interior se inspirassem nele. Para ele mesmo, Seu Mané era um grande companheiro nos trabalhos do concurso ‘A mais bela voz’.
“Ele foi um escudeiro maravilhoso. Seu Mané, realmente, foi o máximo para o rádio mossoroenses. O herói do rádio no sertão”, destaca o amigo de profissão.
“Quando ele estava na rádio passava tanta segurança ao ser alegre, que contagiava quem estava do outro lado”, enfatiza Leoniza Oliveira, que também trabalhou com Seu Mané durante os 24 anos em que esteve na Rádio Rural.
E o público do rádio comprova: “Um bom locutor”, comenta o sr. Tertuliano Aires, um dos ouvintes que foi prestigiar o radialista. “Aquele jeito engraçado dele, a alegria”, complementa.
Sua trajetória como locutor se destacou. “Aí Seu Mané cresceu, chegou até a ser candidato a vereador”, menciona o amigo Severino Pedro da Silva.
Mas mesmo se tornando muito popular, não abandonou a simplicidade. “Um homem humano, amigo e uma pessoa muito simples”, diz, com carinho, Tony Filho.
Leoniza Oliveira ressalta que o que fica do radialista são as boas lembranças e a alegria de viver, apesar dos problemas que ele tinha. Ela também destaca a força da presença de Seu Mané e conta que, mesmo quando ele não viajava com a equipe para as eliminatórias de ‘A mais bela voz’, as pessoas lembravam dele. Às vezes, o concurso chegava a ser mais associado à imagem de Seu Mané do que a própria emissora de rádio.
“Como os outros, a gente sabia que ele iria um dia. Chegou a hora dele e eu tenho certeza que ele vai ser muito bem recebido no céu”, diz a amiga.
‘Eu aprendi muitas coisas com ele’
Mas não é só como radialista que Seu Mané deixa saudades. Além dos colegas de profissão, amigos e ouvintes, ele deixa uma lacuna no coração dos seus familiares. Casada com Seu Mané há 20 anos, Geralda Alves de Oliveira fala do tempo que passou ao lado do comunicador.
“Tudo de bom. Foi um presente de Deus em minha vida. Ele me deu três filhos. Como todo ser humano, ele tinha suas virtudes e defeitos e as virtudes dele superavam os defeitos”, conta.
“Eu dediquei minha juventude a ele. Ele me ensinou a ser humana, me ensinou a perdoar, a ser grata. Eu aprendi muitas coisas com ele”, lembra cheia de saudades.
Geralda lembra que conheceu seu Mané, primeiramente, pelo rádio. Morava na zona rural e era ouvinte de seus programas. Daí, surgiu uma paixão inocente, paixão de adolescente. O tempo passou, ela seguiu a vida, casou, separou-se e um dia encontrou Seu Mané. Os dois estavam sozinhos e foi aí que começaram o relacionamento. Da união de duas décadas, os filhos John Kennedy, 18, Carolina, 16, e Gabriela, 8.
Como a história foi longa, muitas memórias ficarão guardadas. “Primeiramente, fica um vazio irreparável e ficam os meus três filhos que, a cada vez que eu olhar, será a lembrança viva”, desabafa Geralda.
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