terça-feira, 30 de outubro de 2012

NE precisa de R$ 25,8 bi para competir nos próximos 8 anos

Diário do Nordeste teve acesso ao estudo da CNI Nordeste Competitivo, com diagnóstico das necessidades da região

Um total de R$ 25,8 bilhões deverá ser investido no Nordeste, nos próximos oito anos, em projetos de infraestrutura para garantir o escoamento da produção da região. É o que aponta o estudo Nordeste Competitivo, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que destaca 83 projetos considerados prioritários de ampliação e modernização de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos, nos nove estados nordestinos.



No Ceará

Deste total, 19 deverão ser realizados no Ceará, com destaque para ações no Porto do Pecém. O estudo analisou os gargalos da logística nordestina em seus diversos modais, e contou 196 projetos a serem realizados para resolver tais problemas.

Caso todos fossem realizados, seriam necessários mais de R$ 71 bilhões, sendo a maior parte deles nas áreas ferroviária e portuária.

Em virtude do elevado valor de investimentos, a CNI decidiu priorizar 83 deles, dos quais apenas 22 estão em andamento, o que significa 26,5% do total.

Custo logístico

Atualmente, o custo logístico de transporte na região Nordeste foi avaliado em R$ 30,2 bilhões, o que corresponde 6% do Produto Interno Bruto (PIB) da Região (PIB referente a 2010).

Este valor inclui gastos com frete interno, pedágios, custos de transbordo e de terminais, tarifas portuárias e fretes marítimos. Caso não sejam realizados tais projetos, este custo passará a R$ 44,5 bilhões em 2020.

Atualmente, dos principais gargalos rodo-ferroviários de movimentação de carga, nenhum deles foi identificado no Ceará. Apenas três trechos rodoviários, ligando os municípios de Xexéu (PE) e Maceió (AL), Xexéu e Recife (PE) e Propriá (SE) e Maceió, operam acima de sua capacidade.

Gargalos em 2020

A partir de 2020, entretanto, oito trechos estarão com gargalos, e outros cinco em situação crítica. A ligação entre a BR 304 e Fortaleza é apontada como de potencial dificuldade a partir desse ano. Já em relação aos portos, somente o Complexo Portuário de São Luís e o Porto de Recife utilizam mais do que suas capacidades permitem. Contudo, a partir de 2020, seis terminais estarão nesta condição, o que inclui os terminais portuários do Pecém e de Fortaleza. Os casos mais críticos devem ser os do Complexo Portuário de São Luís e o Porto de Natal.



O estudo analisou os entraves nos diversos modais e contou 196 projetos a serem realizados para resolver tais problemas, o que custaria R$ 71 bi fotos: José Leomar

A CNI afirma que, realizando melhorias em eixos de integração já existentes e desenvolvendo alguns novos, é possível alcançar uma economia anual potencial de R$ 5,8 bilhões, uma redução de 8,5% no custo logístico da Região Nordeste, utilizando-se os volumes previstos para 2020.

Eixos de integração

Entre os existentes, ela aponta a BR-116, ligando o Sudeste a Fortaleza, a Ferrovia Transnordestina, de Juazeiro do Norte a Suape, a BR-110, de Mossoró a Salvador e a cabotagem (navegação entre portos dentro do País). Entre os novos eixos, a Confederação destaca a BR-020, de Barreiras (BA) a Fortaleza, a Nova Transnordestina, interligando Balsas (MA), Salgueiro (PE) e Pecém, entre outras.

Projetos
83 foram eleitos como prioritários na região Nordeste, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), para garantir a competitividade da indústria

CNI quer esforço concentrado
Um esforço concentrado por parte da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e das Federações Estaduais a fim de liderar o processo de reconstrução e melhoria da infraestrutura brasileira, com a participação da iniciativa privada, é o que deverá ser deliberado hoje pela CNI durante reunião em Brasília, segundo presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) Roberto Macêdo.



Para Roberto Macêdo, entre as prioridades que o governo deve trabalhar, está o Aeroporto Internacional de Fortaleza FOTO: NATASHA MOTA

Ele explica que o balanço de cada região será apresentado na primeira parte do encontro a fim de que sejam definidas as prioridades e que as entidades esperam que o governo venha a trabalhar ainda mais em prol do desenvolvimento do País. Para Macêdo, o estudo da CNI surge como um alerta para o governo a partir do momento que, tecnicamente, identifica, mensura e aponta os estrangulamentos na infraestrutura logística brasileira. "Se nada do que foi apontado for feito, sofremos sérios problemas como já estamos sentido com a energia. Vide os recentes apagões, comprometendo a segurança do sistema como um todo. É inadmissível que isto aconteça. Interrupções como as que aconteceram liquidam o setor industrial", pondera.

Entre as prioridades, sobretudo para o Ceará, o presidente da Fiec elenca as estradas, o Aeroporto Internacional de Fortaleza e as ferrovias.

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Educação

Ao lado do sistema de logística, Macêdo sugere ainda esforços sobre o capital humano, com ênfase na educação fundamental e média. "As pessoas chegam ao mercado para serem treinadas e percebe-se as deficiências. É uma carência que precisa ser suprida", avalia. "São muitos fatores a serem analisados, embora o estudo tenha focado, a princípio, na estrutura física", afirma.

SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER 
Diário do Nordeste

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