Março de 2013: o mais seco do século
As previsões de chuvas para 2013, são desanimadoras. Desde 1911, nunca choveu tão pouco no mês de março no Rio Grande do Norte. Foram, em média, 29,6 milímetros no mês. O montante é 5,6 vezes menor do que o esperado para o período. A consequência disso: hoje 136 cidades, incluindo o litoral, são consideradas áreas muito secas.
Emanuel AmaralAs previsões de chuvas para 2013, são desanimadoras. Desde 1911, nunca choveu tão pouco no mês de março no Rio Grande do Norte. Foram, em média, 29,6 milímetros no mês. O montante é 5,6 vezes menor do que o esperado para o período. A consequência disso: hoje 136 cidades, incluindo o litoral, são consideradas áreas muito secas.
Hoje, 136 cidades do RN são consideradas muito secas
Chuva de março foi 5,6 vezes abaixo da média
Ricardo Araújo - repórter
De terços em mãos e velas acesas, o sertanejo implora misericórdia a São José. Ah, se eles pudessem subir aos céus e derramar, das nuvens, a tão esperada chuva. Entretanto, a religiosidade não tem o poder de mudar as características climáticas, a força - nem sempre compreendida - da natureza e, mais uma vez, o homem do campo terá que colocar sua fé à prova e enfrentar mais um ano sem chuvas. As previsões são desanimadoras. Desde 1911, nunca choveu tão pouco no mês de março, com precipitações cuja média estadual não superaram os 29,6 milímetros. O montante é 5,6 vezes menor do que o esperado para o período. À espera de um milagre, os sertanejos contemplam o céu, ansioso para que “as lágrimas de Deus” caiam e ressuscitem as terras assoladas pelo flagelo da seca.
Magnus NascimentoRicardo Araújo - repórter
De terços em mãos e velas acesas, o sertanejo implora misericórdia a São José. Ah, se eles pudessem subir aos céus e derramar, das nuvens, a tão esperada chuva. Entretanto, a religiosidade não tem o poder de mudar as características climáticas, a força - nem sempre compreendida - da natureza e, mais uma vez, o homem do campo terá que colocar sua fé à prova e enfrentar mais um ano sem chuvas. As previsões são desanimadoras. Desde 1911, nunca choveu tão pouco no mês de março, com precipitações cuja média estadual não superaram os 29,6 milímetros. O montante é 5,6 vezes menor do que o esperado para o período. À espera de um milagre, os sertanejos contemplam o céu, ansioso para que “as lágrimas de Deus” caiam e ressuscitem as terras assoladas pelo flagelo da seca.
Desde 1911, nunca choveu tão pouco no mês de março, com precipitações
cuja média estadual não superaram os 29,6 milímetros
cuja média estadual não superaram os 29,6 milímetros
Do mesmo modo, ansioso pelas mudanças climáticas, está o meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot. Ele explica que os meses de março e abril são decisivos para se delinear o comportamento das precipitações para o resto do ano. Como choveu tão pouco em março e a mesma tendência está em curso neste mês de abril, é possível que a situação se agrave nos próximos meses. “Tivemos o março mais seco da história, desde quando começamos a realizar os monitoramentos”, afirma Bristot. Prova disso é quantidade de cidades potiguares sem incidência de chuvas significativas, tornando o solo muito seco. Em abril de 2012 eram 111 municípios; nesta sexta-feira, 12, o total era de 136 cidades, incluindo o litoral, na mesma situação.
Quando comparado o acumulado de chuvas entre os meses de janeiro e março deste ano, o índice de defasagem de chuvas é ainda maior. Esperava-se, segundo a Emparn, que chovesse, pelo menos, uma média de 323,6 milímetros. Entretanto, o quantitativo registrado no período foi de 75,2 milímetros, resultando numa incidência negativa de 248,4 milímetros. “Tivemos um desvio acentuado quando em relação ao acumulado. Não tinha como piorar, pois já vinha de uma situação muito seca”, atesta Gilmar Bristot.
Para ele, a situação é preocupante. Entretanto, o meteorologista acredita que nos próximos dias a zonas de convergência que estão bloqueadas na atmosfera se movimentem e produzam chuva. Todavia, as previsões indicam mais estiagem. Para o litoral, o alento sustenta-se na possibilidade do período chuvoso se estender até meados de maio, diferente do sertão que se encerra ao final deste mês. Em 1995, porém, choveu aproximadamente 400 milímetros na região Seridó, numa situação inédita para a meteorologia. Bristot, diante do cenário, compartilha da fé do sertanejo. “É preciso ter fé em Deus para que ocorra uma mudança. A atmosfera não aponta a ocorrência de chuvas”, adverte.
Quando comparado o acumulado de chuvas entre os meses de janeiro e março deste ano, o índice de defasagem de chuvas é ainda maior. Esperava-se, segundo a Emparn, que chovesse, pelo menos, uma média de 323,6 milímetros. Entretanto, o quantitativo registrado no período foi de 75,2 milímetros, resultando numa incidência negativa de 248,4 milímetros. “Tivemos um desvio acentuado quando em relação ao acumulado. Não tinha como piorar, pois já vinha de uma situação muito seca”, atesta Gilmar Bristot.
Para ele, a situação é preocupante. Entretanto, o meteorologista acredita que nos próximos dias a zonas de convergência que estão bloqueadas na atmosfera se movimentem e produzam chuva. Todavia, as previsões indicam mais estiagem. Para o litoral, o alento sustenta-se na possibilidade do período chuvoso se estender até meados de maio, diferente do sertão que se encerra ao final deste mês. Em 1995, porém, choveu aproximadamente 400 milímetros na região Seridó, numa situação inédita para a meteorologia. Bristot, diante do cenário, compartilha da fé do sertanejo. “É preciso ter fé em Deus para que ocorra uma mudança. A atmosfera não aponta a ocorrência de chuvas”, adverte.
Magnus Nascimento
Atualmente, 15 cidades do Rio Grande do Norte estão sendo abastecidas exclusivamente por carros-pipa
Mananciais
Para Joana D’arc Freire, coordenadora de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), a situação dos mananciais de superfície do Rio Grande do Norte não mudou. A tendência, porém, é de agravamento, diante do elevado índice de evaporação dos poucos reservatórios que ainda restam com um percentual significativo de água. “A situação não mudou. Vem se estabelecendo de forma gradativa e os volumes acumulados nos reservatórios estão se reduzindo”, aponta.
As expectativas são ruins, conforme aponta a coordenadora. “A tendência é só piorar. Não ocorrendo recarga nos reservatórios, a tendência é piorar”, lamenta Joana D’arc Freire. Enquanto as chuvas não caem em 2013, o sertanejo mais uma vez sustentado pela sua crença, aguarda a chegada de 2014 e a “Era de 4”, a qual, popularmente, reza que nos anos terminados no numeral 4, os invernos são mais generosos. Além disso, anseiam que, obras como a da barragem de Oiticica, que se arrastam há 61 anos, saiam do papel.
Para secretário, seca ainda é uma surpresa
O território do Rio Grande do Norte está inserido, em quase sua totalidade - 93% -, na zona semiárida brasileira. Mesmo assim, para o secretário estadual de Agricultura, Júnior Teixeira, a seca continua sendo uma surpresa. Somente no ano passado, segundo dados da pasta, 600 mil toneladas de cana-de-açúcar deixaram de ser produzidas. Uma prova de que a estiagem não atinge somente as áreas mais afastadas do litoral potiguar. Com a queda acentuada da produção, aproximadamente R$ 100 milhões deixaram de ser comercializados.
“A seca de 2012 foi uma surpresa. Todos os institutos de pesquisa erraram nas previsões. Mas em 2013, nós já sabemos que será seco. A chuva, esta sim, será uma surpresa”, conclui o secretário estadual de Agricultura. Para Júnior Teixeira, a estiagem deverá ser enfrentada em três frentes de trabalho: o estacamento da mortandade do rebanho, a desburocratização do crédito e o acesso à água. Todas as medidas, porém, deverão ser tomadas a partir de diálogos entre produtores, governos municipais, estaduais e federais com os bancos financiadores da atividade rural.
O secretário ressalta que os problemas relacionados à dívida rural, que culminam com a possibilidade de perda das propriedades, afetam muitos produtores potiguares. “O homem do campo, o produtor, está numa situação muito difícil, num ambiente inóspito. Ele está vendo todo dia o seu patrimônio ir embora”, ressalta. Isto seria revertido, segundo o titular da Agricultura, com o acesso ao crédito rural. Somente desta forma, a economia que gira em torno da produção de farinha, feijão, fava e mandioca, poderia ser reestabelecida.
Entretanto, até que isto ocorra, o homem do campo deverá se sustentar com os repasses da União através do Bolsa Escola, Bolsa Família e Garantia Safra. Somente este último, no Rio Grande do Norte, deverá distribuir aproximadamente R$ 40 milhões em parcelas mensais a quase 50 mil famílias inscritas no programa. Além disso, a Secretaria de Agricultura pretende ampliar para 20 mil toneladas mensais, a oferta de milho para venda ao produtor rural.
Bancada
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Motta (PMN) convocou uma reunião com as bancadas federal e estadual para tratar exclusivamente das demandas, questões e soluções voltadas para a seca.
A reunião de trabalho será às 11h desta segunda-feira, 15, na Assembleia Legislativa e terá a presença do presidente da Câmara, deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), além de secretários de Estado e convidados representantes de instituições.
O território do Rio Grande do Norte está inserido, em quase sua totalidade - 93% -, na zona semiárida brasileira. Mesmo assim, para o secretário estadual de Agricultura, Júnior Teixeira, a seca continua sendo uma surpresa. Somente no ano passado, segundo dados da pasta, 600 mil toneladas de cana-de-açúcar deixaram de ser produzidas. Uma prova de que a estiagem não atinge somente as áreas mais afastadas do litoral potiguar. Com a queda acentuada da produção, aproximadamente R$ 100 milhões deixaram de ser comercializados.
“A seca de 2012 foi uma surpresa. Todos os institutos de pesquisa erraram nas previsões. Mas em 2013, nós já sabemos que será seco. A chuva, esta sim, será uma surpresa”, conclui o secretário estadual de Agricultura. Para Júnior Teixeira, a estiagem deverá ser enfrentada em três frentes de trabalho: o estacamento da mortandade do rebanho, a desburocratização do crédito e o acesso à água. Todas as medidas, porém, deverão ser tomadas a partir de diálogos entre produtores, governos municipais, estaduais e federais com os bancos financiadores da atividade rural.
O secretário ressalta que os problemas relacionados à dívida rural, que culminam com a possibilidade de perda das propriedades, afetam muitos produtores potiguares. “O homem do campo, o produtor, está numa situação muito difícil, num ambiente inóspito. Ele está vendo todo dia o seu patrimônio ir embora”, ressalta. Isto seria revertido, segundo o titular da Agricultura, com o acesso ao crédito rural. Somente desta forma, a economia que gira em torno da produção de farinha, feijão, fava e mandioca, poderia ser reestabelecida.
Entretanto, até que isto ocorra, o homem do campo deverá se sustentar com os repasses da União através do Bolsa Escola, Bolsa Família e Garantia Safra. Somente este último, no Rio Grande do Norte, deverá distribuir aproximadamente R$ 40 milhões em parcelas mensais a quase 50 mil famílias inscritas no programa. Além disso, a Secretaria de Agricultura pretende ampliar para 20 mil toneladas mensais, a oferta de milho para venda ao produtor rural.
Bancada
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Motta (PMN) convocou uma reunião com as bancadas federal e estadual para tratar exclusivamente das demandas, questões e soluções voltadas para a seca.
A reunião de trabalho será às 11h desta segunda-feira, 15, na Assembleia Legislativa e terá a presença do presidente da Câmara, deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), além de secretários de Estado e convidados representantes de instituições.
TRIBUNA DO NORTE
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