sábado, 18 de janeiro de 2014

Economia: Taxa de desemprego chega a 10% na região Nordeste

Daniela Amorim e Idiana Tomazelli

Brasília (AE) - A desagregação dos novos dados do mercado de trabalho do Brasil pelas cinco grandes regiões mostrou um País de diferentes realidades em termos de emprego. Na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) Contínua, o retrato é de uma dinâmica mais aquecida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto Norte e Nordeste ficam com as mais altas taxas de desemprego.
Magnus Nascimento
Mercado de trabalho no Nordeste tem forte concentração na indústria crescente do turismo

No caso do Nordeste, a desocupação era a condição de 10% dos que estavam na força de trabalho no segundo trimestre de 2013. “É uma taxa bem mais alta. Mostra e confirma que, realmente, o mercado de trabalho é bem pior (do que a média nacional)”, avalia o professor João Saboia, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ). A taxa de desemprego do Brasil em igual período ficou em 7,4%.

Apesar de afirmar acreditar que o mercado de trabalho nordestino, ainda assim, apresenta evolução em relação a anos anteriores, Saboia ressaltou que é um dado negativo para o País. “É uma região onde a economia é menos desenvolvida, e a população é muito grande.”

Na visão do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e sócio-diretor da consultoria Nobel Planejamento, a amplitude entre as taxas do Sul e do Nordeste, por exemplo, reflete questões econômicas e sociais. “Você tem bolsões de desenvolvimento estrutural que você não consegue resolver assim tão de repente, principalmente no interior”, afirmou.

A explicação para essa discrepância pode estar nas atividades dessas regiões. De acordo com o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o fato de o comércio e os serviços, principais setores empregadores no País, ainda não serem tão desenvolvidos nas regiões Norte e Nordeste pode dificultar a população desses lugares na busca por um trabalho.

O economista Carlos Henrique Corseuil, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lembrou que, na PME, as duas regiões metropolitanas do Nordeste (Recife e Salvador) integrantes da pesquisas costumam ter desemprego mais elevado - o que diminuiu a surpresa com os dados informados ontem pelo instituto.

Segundo a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, a discrepância entre as regiões é uma característica do mapa do emprego no País. “As diferenças regionais fazem parte da estrutura do mercado de trabalho brasileiro”, disse.

A Pnad Contínua apontou que, no segundo trimestre de 2013, a taxa de desocupação no Norte era de 8,3%. Enquanto isso, o Sul registrou a menor taxa de desocupação entre as grandes regiões. Em igual período, 4,3% da população dentro da força de trabalho estava desempregada. As taxas de desocupação no Sudeste (7,2%) e no Centro-Oeste (6,0%) também ficaram abaixo da taxa média nacional.

Além dos desafios socioeconômicos vividos pelas Regiões Norte e Nordeste, os indicadores também retratam um Brasil de diferentes culturas. O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, destacou que a participação das mulheres no mercado de trabalho é maior na região Sul. “Trata-se de uma questão cultural”, analisou. Lá, as mulheres são 44% do total de pessoas ocupadas.

Enquanto isso, no Nordeste, as mulheres representam 40,7% do número dos que têm emprego, só perdendo para o Norte, onde esse porcentual é de 38,9%. “A participação das mulheres no mercado de trabalho é menor nessas regiões”, afirmou Azeredo, ressaltando que, por outro lado, lá elas são maioria entre os que estão fora do mercado - na inatividade.

Emprego no Nordeste
Nível de ocupação no segundo trimestre de 2013

IDADE (%)
14 a 17 anos 15,6%
18 a 24 anos 48,8%
25 a 39 anos 67,1%
40 a 59 anos 62,7%
60 anos ou mais 20,5%

Nível de ocupação (%)
Norte 56,9
Nordeste 50,5
Sudeste 58,6
Sul 61,6
Centro-Oeste 61,3

Fora da força de trabalho (%)
Norte 38,0
Nordeste 43,9
Sudeste 36,8
Sul 35,7
Centro-Oeste 34,8

fonte: IBGE
TRIBUNA DO NORTE

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