Por Carol FontesDireto de Oahu, Havaí
As ondas de Pipeline e Backdoor irão definir o campeão mundial de 2014 no tradicional Pipeline Masters, etapa de encerramento do Circuito Mundial de Surfe (WCT). Elas ficam na mesma praia, batizada de Banzai Pipeline ou Pipeline, e sobre bancadas formadas por corais e pedras vulcânicas. No entanto, têm suas particularidades e exigem dos surfistas um posicionamento diferente no mar. Enquanto Pipeline quebra para a esquerda, Backdoor vai para a direita. Por conta dos ventos, as ondas nem sempre aparecem no mesmo momento, mas, em um dia de condições perfeitas, é preciso saber escolher qual será mais interessante para conseguir uma boa pontuação no momento. Gabriel Medina, Mick Fanning e Kelly Slater estão na briga pelo caneco, e o brasileiro tem sua preferência, embora garanta estar preparado para as duas.
- Toda onda que você treina e surfa todo dia, você acaba melhorando nela. É isso que eu tenho feito aqui em Pipe. Se estiver bom, estou na água. É preciso saber escolher a onda certa. O mais difícil é entender quando é Pipeline e quando é Backdoor, mas tem que botar para baixo - contou Medina.
Por ser "goofy" (surfar com o pé direito na frente da prancha), Gabriel tem mais facilidade para dropar a onda chamada Pipeline, que quebra para o lado esquerdo. Quando a onda quebra para a direita, neste caso a Backdoor, o trabalho fica mais complicado para Medina e mais fácil para Slater e Fanning, já que ambos têm base regular (pé esquerdo na frente da prancha). Jamais o Pipe Masters consagrou um campeão surfando de costas para Backdoor, o que seria o caso de Medina.
Por conta do fundo de coral nesta região do Havaí, tanto Pipeline como Backdoor são rápidas, situação que faz com que o surfista tenha de fazer o drop (entrada na onda) mesclando agilidade e velocidade. Gabriel já disse publicamente que torce para que o campeonato seja realizado na onda Pipeline e destacou que o mais importante é fazer a leitura da onda corretamente.
- A bancada de Backdoor parece que tem muitas ondas que vão fechar e acaba sendo uma onda perfeita. Pipeline é uma onda mais fácil de ler, você sabe que vai abrir, que tem o canal ali, então, se você está bem posicionado é mais certo que você vai sair do tubo - analisou.
O jovem de 20 anos é o único que depende apenas de suas próprias forças para se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial no surfe. Para o diretor da ASP (Associação de Surfistas Profissionais), Renato Hickel, as previsões nos próximos dias favorecem as ondas de Backdoor. No entanto, por conta do nível técnico dos surfistas que lutam pelo título, as teorias de que uma seja mais favorável para um ou para outro são facilmente quebradas. Medina, por exemplo, venceu nas direitas de Snapper Rocks, na Gold Coast australiana, e Fanning sagrou-se campeão mundial em Pipeline, no ano passado, surfando em esquerdas. O título da etapa, porém, ficou com Kelly Slater.
- Medina levaria vantagem em Pipeline porque surfaria de frente para as ondas. Caso contrário, seria melhor para o Mick ou o Kelly. Mas estas teorias são quebradas frequentemente quando estão os melhores surfistas do mundo na agua. O Gabriel foi campeão na Austrália em direitas vencendo o Joel Parkinson, que é regular, sendo o primeiro "goofy" em 12 anos a vencer em Gold Coast. É mais fácil você entubar de frontside, de frente para a onda, do que de backside, de costas. Seria mais difícil para o Mick e o Kelly surfarem de costas. As previsões para segunda e terça-feira favorecem as ondas de Backdoor. No sábado, por exemplo, foi diferente. As direitas eram raríssimas. E na torcida pelo Medina, é preciso torcer pelas esquerdas - explicou Hickel.
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