sábado, 6 de abril de 2013

Preço do tomate aumenta e custa o dobro

Andrielle Mendes - repórter

A queda na oferta de frutas e legumes - em função das condições climáticas adversas - fez o preço do tomate dobrar na principal central de abastecimento do Rio Grande do Norte, a Ceasa. Em pouco mais de três meses, o quilo subiu 100%. O aumento, que começou no campo, já chegou aos supermercados da capital. Quem levou o quilo de tomate por R$ 3,49 em janeiro, hoje desembolsa R$ 4,99, em média, para levar a fruta para casa. O preço é superior ao praticado nos últimos três anos, para o mesmo período.

marcelo barroso
Nos supermercados, o volume de vendas de tomate caiu até 30 por cento
 
A alta, que não se limita ao RN, foi sentida tanto pelo consumidor final quanto pelos grandes consumidores, como restaurantes e pizzarias. O italiano Brunaldo Bigi é dono de um restaurante na capital e compra cerca de 1,3 mil quilos de tomate por mês. Apesar da alta, não conseguiu substituir o tomate por nenhum outro item. “Não posso cortar do cardápio. O molho é nosso carro-chefe. Para tentar compensar, estou pesquisando os preços e pagando à vista para obter desconto”, afirmou.

Sérgio Teixeira é dono de um self-service e também não conseguiu abrir mão do tomate, servido nas saladas e massas. Para não perder os clientes, manteve o preço do quilo e passou a controlar melhor o estoque. Os gastos com produtos agrícolas, como legumes, subiram mais de 100% em pouco mais de três meses e a margem de lucro ficou mais apertada. Restaurantes em São Paulo, estado que também enfrenta alta nas frutas e legumes, adotaram medidas mais drásticas, cortando o tomate do cardápio. Algumas cantinas chegaram a boicotar a fruta e pedir que os clientes fizessem o mesmo.

A dona de casa natalense Maria Neuman Soares, 55, bem que tentou, mas se convenceu de que substituir o tomate não é tarefa das mais fáceis. Para controlar o orçamento, decidiu reduzir o consumo. O comerciante Jaílson da Silva, 30, fez o mesmo. Ele vai às compras duas vezes por semana e revela que tem levado menos frutas e legumes para casa. “Vou comprar menos até os preços voltarem para o patamar normal”. A estratégia adotada pelos consumidores já surte efeito. Na Ceasa, alguns feirantes tem registrado queda de até 40% nas vendas. Nos supermercados, a queda no volume comprado pelos consumidores tem oscilado entre 20% e 30% nos últimos três meses. A Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn) estima que o preço do tomate e de outras frutas e legumes comece a cair já nos próximos meses. “A tendência é de queda. A alta já atingiu o seu pico”, afirma Eugênio Medeiros, supermercadista e membro da diretoria da Associação.

O excesso de chuvas em algumas regiões produtoras e a seca em outras, sobretudo no Nordeste, foram responsáveis por fazer o preço do produto disparar. Parte das frutas e legumes consumidos no RN vem de estados como Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.

Produtos agrícolas têm alta superior a 96% na Ceasa

Embora seja apontado como o vilão da cesta básica, o tomate não foi o único produto a ficar mais caro. Batata inglesa, cebola pera e cenoura estão pelo menos 96% mais caros na Ceasa. Nos supermercados, não é diferente. A alta foi confirmada em levantamento divulgado ontem pelo Orgão de Defesa e Proteção do Consumidor em Natal, Procon Natal.

Francisco Nunes da Silva Filho, 54, vende frutas e legumes na Ceasa há 28 anos, e diz nunca ter visto uma alta tão expressiva. O saco de batata - com 50 quilos - que era comprado a R$ 70 há três meses, hoje não sai por menos de R$ 220. O de cebola - com 20 quilos - passou de R$ 15 para R$ 60, uma alta 300%. O preço subiuaté nas feiras livres. No interior do RN, já tem consumidor comprando três bananas por R$ 1.

Parte do reajuste tem sido absorvido pelos comerciantes, que enfrentam dificuldades para repassar a alta integral ao consumidor. “O orçamento não comporta. Quem costumava paga R$ 1,50 pelo quilo de tomate não conseguirá pagar R$ 5”, diz Eugênio Medeiros, economista e membro da Associação dos Supermercados do estado.

TRIBUNA DO NORTE


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