quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Aviação: Altas tarifas dificultam exportação a partir do Rio Grande do Norte

Andrielle Mendes - repórter A redução no número de voos e as tarifas aéreas cobradas em Natal têm levado empresários locais a escoarem parte de sua produção por outros aeroportos, como o de Petrolina e o de Recife, em Pernambuco, e a pagar até três vezes mais de frete até o Estado vizinho. Pelo menos seis empresas de pesca - um dos principais produtos exportados pelo aeroporto potiguar - estão exportando parte da produção beneficiada no estado pelo terminal de cargas de Recife. Das 100 toneladas beneficiadas pelas seis empresas no frigorífico da Norte Pesca, na Ribeira, pelos menos 60 toneladas estão sendo escoadas, por mês, pelo aeroporto do estado vizinho. Seis meses atrás, toda a produção saía pelo Augusto Severo.
Júnior Santos
Mamão para exportação, no terminal de cargas do Augusto Severo: novo aeroporto traz perspectiva de melhoria nas exportações

“A quantidade de voos reduziu bastante em Natal”, justifica Rodrigo Hazin, diretor da Norte Pesca, que aluga o frigorífico para seis empresas de pesca em Natal.

Segundo ele, com a redução do número de voos, que foi de 12,9% entre janeiro e outubro de 2013, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Empresa Aeroportuária Brasileira (Infraero), os aviões maiores passaram a pousar e decolar em Recife.

O peixe, segundo Hazin, sai de Natal de caminhão, atravessa o estado, e é embarcado no aeroporto de Recife. De lá, segue para São Paulo e Rio de Janeiro, de onde voa em direção aos Estados Unidos, principais consumidores. Os empresários chegam a pagar R$ 600 por cada caminhão carregado de peixe, três vezes mais do que pagariam se embarcassem o peixe no aeroporto Augusto Severo. A diferença paga pelo frete, segundo Rodrigo Hazin, acaba compensando, já que as tarifas cobradas no outro estado são mais baixas e a oferta de voos maior. 

O valor do frete, no entanto, faz diferença no final do mês, diz Arimar França Filho, diretor da Produmar e também exportador. “É um prejuízo grande. Tive que cortar uma série de despesas na minha empresa e até recalcular o preço do pescado, por causa do frete”, diz. Arimar exporta cerca de 20 toneladas de pescado por semana - deste total, 30% já deixa o Brasil pelo aeroporto de Recife. Proporção, que de acordo com ele, deve aumentar nos próximos meses. “Falta avião em Natal”, critica.

Tarifas

A Caliman, maior exportadora de mamão do país, já chegou a escoar até 90% da produção por outros estados. Segundo José Antônio Facini Júnior, superintendente da empresa, que produz em Touros, a tarifa aérea em Natal chega a custar entre 30% e 40% a mais do que em cidades como Petrolina, em Pernambuco, por onde a empresa pretende exportar 100% de sua produção a partir de 2014. 

“As tarifas de Natal são muito altas. Além disso, falta espaço para o mamão no aeroporto (Augusto Severo) e há poucas rotas. É sempre difícil exportar pelo estado”, aponta. A empresa já chegou a exportar até 25 toneladas por semana durante o auge das atividades, em 2005.

Segundo a assessoria de comunicação do consórcio Inframérica, que constrói e administrará o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, aeronaves de cargas passarão a pousar na cidade em 2014. Hoje, apenas aeronaves de passageiros pousam em Natal. As cargas, explica a Infraero, precisam dividir espaço com a bagagem dos passageiros.


TRIBUNA DO NORTE

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