Exame descarta infarto em Genoino
Ligia Formenti e Mariângela Galucc - Agência Estado
Brasília (AE) - O boletim médico divulgado ontem pelo Instituto de Cardiologia do Distrito Federal descartou a possibilidade de o deputado licenciado Jose Genoino (PT-SP) ter sofrido enfarte do miocárdio na Penitenciária da Papuda na quarta-feira, quando deixou a prisão e foi internado no hospital. De acordo com o documento, seu quadro é estável, mas ele deverá permanecer internado até que sua pressão arterial esteja controlada. Os médicos afirmaram que a alteração na pressão pode comprometer o resultado de uma cirurgia recente que ele fez de “correção de dissecção da aorta” e, desse modo, aumentar os riscos de sangramento.
Ontem, Genoino recebeu pela manhã visita de familiares e, à tarde, do senador José Sarney (PMDB-AP). “Vim cumprir meu dever de amizade. Ele me pareceu bem, mas abatido”, afirmou o senador, que disse ter retribuído uma visita que recebera do deputado quando estivera internado. “Quando eu estive no Incor, por duas vezes ele me visitou. Eu estava internado e ele foi lá, de maneira que eu vim aqui para retribuir e, ao mesmo tempo, cumprir os deveres da amizade.”
Não há previsão de alta para o deputado. Neste sábado, será realizada a perícia médica solicitada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, para determinar suas condições de saúde. O trabalho contará com cinco cardiologistas indicados pela Universidade de Brasília (UnB). Barbosa quer saber se Genoino, condenado a 4 anos e 8 meses de reclusão pelo STF dentro do processo do mensalão, tem condições de saúde para cumprir a pena na penitenciária ou se é necessário que ele fique em prisão domiciliar.
Logo depois de Barbosa ter determinado a realização de perícia médica em Genoino e após ele ter passado mal na prisão, ele autorizou que o deputado licenciado ficasse fora da cadeia até a realização da perícia. De acordo com a decisão de Joaquim Barbosa, a junta médica “deverá esclarecer se, para o adequado tratamento do condenado, é imprescindível que ele permaneça em sua residência ou internado em unidade hospitalar”.
Em entrevista publicada ontem no site da revista IstoÉ, Genoino disse que jamais deixará a política. “Jamais deixarei a vida política. Posso ter que mudar a forma, o local e o uniforme, mas o sentido da minha vida é lutar por sonhos e causas”. Voltou a dizer que não cometeu qualquer crime e criticou a sua transferência para Brasília.”Depois de uma viagem de quatro horas totalmente desnecessária, ficamos quatro horas em um pátio porque não sabiam onde nos colocar. Se não sabiam onde nos colocar, por que nos fizeram viajar?”
Repúdio
A direção nacional do Movimento dos Sem Terra (MST) divulgou ontem nota de repúdio à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão. De acordo com a nota, a instituição máxima do Judiciário brasileiro é “serviçal à classe dominante no País” e “há anos vem atuando contra a classe trabalhadora, os movimentos sociais e a luta política”.
Endereçada aos “caros camaradas José Dirceu e José Genoino”, dirigentes petistas condenados e presos pelo seu envolvimento no caso, a nota diz que os dois foram submetidos a um “julgamento de exceção” e qualifica como “injusta” a condenação no STF. Ao final diz: “Nos solidarizamos e exigimos a liberdade imediata de vocês.”
Para os dirigentes da organização, “a criminalização representa um recuo das conquistas democráticas obtidas através das lutas históricas dos trabalhadores .
Agência Estado/TRIBUNA DO NORTE
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