sábado, 26 de outubro de 2013

Tremores: Sismólogos alertam para série de abalos em Pedra Preta

Pedro Andrade - repórter O tremor sentido pelos natalenses na manhã dessa sexta-feira (25) é apontado como o início de uma sucessão de seis abalos sísmicos registrados pelo Laboratório de Sismologia (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no município de Pedra Preta, a 149 quilômetros de Natal. Segundo o professor Joaquim Mendes Ferreira, coordenador do laboratório, o único tremor sentido em diversos bairros da capital teve 3.7 graus na escala Richter, mas foi sucedido por um segundo de 3.3 graus e outros quatro de magnitudes distintas abaixo dos 2.5 graus.
Emanuel Amaral
Sismólogo Eduardo Menezes afirma que todas as 17 estações do Nordeste registram abalos sísmicos

Além dessa sucessão de eventos sísmicos registrados ontem, o LabSis identificou acontecimentos semelhantes nos dois dias anteriores, mas de magnitude 3. A estimativa do especialista em Sismologia, Eduardo Alexandre Menezes, também do LabSis, é de que esse abalo sísmico de maior magnitude tenha atingido, dependendo da região no Estado, entre 5 e 6 graus na escala Mercalli, que mede a intensidade dos tremores de terra levando em conta os efeitos e danos causados por esse fenômeno natural e que são percebidos pelas pessoas.

Apesar dos relatos de moradores de Pedra Preta, de que o abalo teria chegado a derrubar objetos dentro das casas, não foram registrados danos estruturais. Natalenses se referiram ao tremor falando em “espelhos se mexendo sem vento” e “prédios balançando”. Os comentários se concentraram em bairros da zona Sul como Ponta Negra e Lagoa Nova, mas também no Barro Vermelho. O esperado em eventos dessa magnitude é de que, além do balanço de móveis e objetos, algumas rachaduras apareçam.

Segundo o tenente Lavínio, da Defesa Civil do Estado, o procedimento normal é a Defesa Civil municipal entrar em contato com o órgão estadual, para recolher informações sobre as condições do local e orientar os gestores municipais. De acordo com o tenente, a Defesa Civil de Pedra Preta ainda não entrou em contato com o Estado. O Corpo de Bombeiros, assim como a Defesa Civil, afirma que não foi feito nenhum chamado ao órgão devido aos tremores dessa sexta-feira. 

O sismólogo Eduardo Menezes afirma que todas as 17 estações sismográficas da Rede Sismográfica do Nordeste (Rsisne), distribuídas nos estados da região exceto no Maranhão, registraram o abalo sísmico. Outras estações estão fora da rede, mas são mantidas pela UFRN, também registraram o tremor. Ao todo, o RN concentra seis estações sismográficas, sendo duas da Rsisne e quatro mantidas pela universidade.

“A magnitude de 3.7 graus na escala Richter é considerada pequena no geral, mas média para o histórico do Rio Grande do Norte”, afirma Eduardo Menezes. As estações estão em Pedro Velho, Riachuelo, próximo ao Cabeço Preto - uma área epicentral -, João Câmara e Pau dos Ferros.

RN tem epicentros em cinco municípios

Os principais epicentros do Rio Grande do Norte se concentram nas cidades de Jandaíra, Taipu, Poço Branco, Pedra Preta e João Câmara. Em janeiro de 2011, segundo Eduardo Menezes, foi registrado tremor de 4,7 graus na escala Richter entre os municípios de Taipu, Poço Branco e João Câmara. 

Os abalos sísmicos na região de Pedra Preta são considerados novos porque não há documentos ou relatos históricos que remetam a terremotos nesse município. Entretanto, Menezes acredita que, como João Câmara já era conhecida pelos tremores, provavelmente fatos registrados sem ajuda de sismógrafos podem ter ocorrido em outros municípios próximos, como Poço Branco e Pedra Preta.

O RN tem um histórico predominantemente de tremores de menores intensidades, apesar de os eventos sísmicos de maior magnitude terem ficado em torno dos 5 graus na escala Richter, que vai até 9. Os dois maiores casos foram registrados em João Câmara, nos anos de 1986 e 1989. 

No dia 30 de novembro de 1986, o tremor atingiu 5,1 graus de magnitude, e ao menos 1.200 casas foram destruídas. Dessas, 500 foram reconstruídas pelo Exército, algumas com adoção de normas anti-sísmicas. Os abalos sísmicos voltaram a causar danos estruturais no dia 10 de março de 1989, com magnitude de 5 graus. 

Bate-papo

Joaquim Ferreira, coordenador do Laboratório de Sismologia da UFRN

Com esses abalos ocorrendo desde a quarta-feira e os seis registrados hoje [ontem], o senhor considera que a frequência está aumentando?

Isso é cíclico. Há muito tempo, desde 2010, que vem acontecendo essa atividade na região. Neste ano mesmo, alguns meses já tiveram atividade sentida em Pedra Preta e agora tivemos esses tremores mais fortes. Não podemos fazer conclusões porque a atividade foi intensa em 2010, então pode voltar a acalmar ou podem aumentar. Ninguém tem como prever.

Quais locais de controle registraram esses abalos de hoje?

Todas as estações operando num raio de mais de 500 quilômetros registraram bem esse evento. Dentro e fora do Estado.

Quem está em prédios e apartamentos têm maior sensibilidade a esses tremores ou tem a mesma sensação de quem está no solo?

Não é a mesma coisa. Quanto mais alto o edifício, mais ele pode balançar e as pessoas sentem o tremor mais forte do que em casas, por exemplo, aqui em Natal.

TRIBUNA DO NORTE

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