quarta-feira, 18 de junho de 2014

Após espionagem, EUA deve rever monitoramento

Brasília (AE) - Num aceno para normalizar as relações após o escândalo de espionagem praticado pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês) americana, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu, ontem, com a presidente Dilma Rousseff e reiterou pessoalmente que o programa de monitoramento será revisto.
Roberto Suckert filhoO vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu ontem com Dilma: reatando laçosO vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu ontem com Dilma: reatando laços

Biden teve uma audiência privada com Dilma por cerca de uma hora e deixou o Palácio do Planalto afirmando que os dois países empreendem um “esforço comum” na garantia da segurança da internet e elogiando a liderança brasileira na governança da rede. “A internet não é uma ferramenta de repressão do Estado, ela pertence ao povo do mundo”, declarou o americano.

Em meados do ano passado, documentos vazados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden revelaram que os EUA interceptaram comunicações de cidadãos e de empresas brasileiras, incluindo ministros a própria presidente Dilma. O fato causou tamanho mal-estar entre os dois países que Dilma decidiu cancelar uma visita de Estado a Washington que estava planejada para outubro do ano passado.

O Brasil também reagiu as denúncias tentando adotar um papel de protagonista no debate internacional sobre a proteção de dados na web. A aprovação do Marco Civil da Internet - considerado a Constituição da Internet e que garante direitos aos usuários - ganhou especial apoio do Planalto após os vazamentos de Snowden e o governo brasileiro apresentou uma resolução na Organização das Nações Unidas (ONU) conclamando as nações a revisar procedimentos no que tange à vigilância das comunicações e interceptação de informações pessoais. A resolução - que também teve autoria da Alemanha - foi aprovada pela Assembleia Geral.

Revisão
Tentando reatar os laços ontem, Biden disse a Dilma que o presidente Barack Obama ordenou em janeiro uma revisão do programa de monitoramento, incluindo a extensão para cidadãos de países amigos as mesmas proteções de privacidade previstas aos americanos pela constituição do país.

“Eu sei que é uma questão que importante muito para as pessoas daqui mas, francamente, também importa ao povo dos Estados Unidos”, declarou Biden, que classificou de “franca e sincera” a conversa com Dilma sobre a questão. “Eu falei para a presidente Rousseff que o presidente Obama ordenou uma revisão imediata depois que soubemos das revelações. Baseados nessa instrução nós fizemos mudanças reais no processo”, concluiu. 

Apesar dos afagos públicos, Biden não conseguiu todos os resultados esperados com a vista ao Palácio do Planalto. A diplomacia americana pressionava para que ao final da reunião houvesse uma declaração conjunta à imprensa de autoridades dos dos países, o que ajudaria a passar a imagem de que o episódio estaria no caminho de ser superado. Ao final, no entanto, Biden sozinho deu uma rápido relato na embaixada americana sobre a conversa com Dilma. Já diplomatas brasileiros consideraram um erro Dilma ter aceitado uma audiência privada com Biden, uma vez que ele não tem status equivalente de chefe de estado.

TRIBUNA DO NORTE

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