sábado, 19 de janeiro de 2013

Corpo de Walmor é encontrado em pousada

Walmor Chagas

São Paulo (AE) - Morreu ontem aos 82 anos de idade o ator Walmor Chagas. O corpo foi encontrado no final da tarde por um funcionário da pousada 7 Nascentes, de sua propriedade, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, caído na cozinha com um tiro na cabeça. Segundo a Polícia Civil, a morte ocorreu no meio da tarde e, apesar da suspeita de suicídio, ainda não estão claras as circunstâncias da morte. No começo da noite, equipes da perícia policial e dos bombeiros ainda atuavam no local.

Chagas sofria de diabetes e o último trabalho foi o filme Cara ou Coroa, de Ugo Giorgetti, que estreou no final de 2012 e tratava da rotina de uma companhia de teatro durante o período da ditadura militar. Na ocasião, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele comentou a experiência. "Fizemos o filme em 2010 e nem me passava pela cabeça que chegaria ao público no dia dos meus 82 anos. Aliás, não imaginava que viveria tanto tempo. Sempre achei que ia morrer, sei lá, com 33 anos."

Walmor Chagas nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em agosto de 1930. Cursou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco e, em 1948, estreou no teatro com Antígona, de Jean Anouilh. Nos anos seguintes, participaria de montagens históricas do teatro brasileiro, ao lado de artistas como Cacilda Becker (com quem se casou e teve uma filha), Maurice Vaneau e Ziembinski. No cinema, sua estreia foi em 1965, em São Paulo S/A, de Luis Sérgio Person - o primeiro de uma série de quase 20 filmes, entre eles Xica da Silva (1975) e Asa Branca - Um Sonho Brasileiro(1980). Na televisão, atuou em mais de 30 novelas, séries e minisséries.

"Pode-se dizer que o teatro tornou-se minha religião", dizia o ator. "Sempre foi necessário em minha vida. Tive alguns momentos em que juntei as mãos para rezar a Deus. Mas achei que era cinismo, se não acreditava Nele. Tento não fazer mal a ninguém. Por isso vivo meio recluso. Não aguento a hipocrisia nem a competição em que o mundo se transformou", contou em uma entrevista concedida no final do ano passado.

Sobre sua estreia no teatro, contava que descobrira que seria ator quando subiu ao palco pela primeira vez. "Recebi meu primeiro aplauso e pronto, senti que era o que queria. Me assumi como exibicionista, não um exibicionista sexual, mas um Narciso, que queria aparecer." Apesar da importância do primeiro papel, na Antígona, ele lembrava com carinho de outro trabalhos definidores, como Gata em Teto de Zinco Quente, de Tennessee Williams ("Um dos mais difíceis"), no teatro, e São Paulo S/A, no cinema. Do trabalho em televisão, gostava de lembrar de Os Maias, "por causa de Eça de Queiroz".

TRIBUNA DO NORTE/AE

Nenhum comentário:

Postar um comentário