O racha no PMDB decorrente da disputa de Eduardo Cunha (RJ), Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS) pela liderança do partido na Câmara, somado ao bombardeio sofrido pelo candidato do partido à presidência da Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), levou ontem a presidente Dilma Rousseff a marcar uma conversa, separadamente, com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e o vice-presidente Michel Temer. Dilma aproveitou a presença dos dois caciques e indagou, diretamente: “Como andam as sucessões na Câmara e no Senado?”.
Tanto Temer quanto Sarney tentaram acalmar a presidente e disseram que as coisas caminhavam bem, mas a verdade é que há turbulências, e os dois caciques se reuniram-se no fim da tarde para avaliar o quadro. A análise é de que as denúncias veiculadas no fim de semana apontando irregularidades de Henrique Eduardo Alves no uso das emendas parlamentares e de recursos do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) surgiram porque o peemedebista empenhou-se na candidatura à presidência e esqueceu de acertar a própria sucessão na liderança da bancada. “Ele viu a casca de banana e mesmo assim caminhou em direção a ela”, disse um interlocutor do partido. “Henrique sabia que seria candidato há muito tempo. Poderia ter negociado o sucessor e evitado essa confusão”, criticou outro aliado. Partidários de Eduardo Cunha reclamam que Henrique Alves o abandonou no momento em que o deputado fluminense cogitou se lançar líder. “Você diz que é amigo e na hora que precisam você some? É claro que isso está errado”, disse um aliado do parlamentar do Rio, entrevistado pelo Correio Brasiliense.
EXONERAÇÃO - O assessor parlamentar Aluizio Dutra de Almeida, que trabalhava há 13 anos no gabinete do atual líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu demissão do cargo. O pedido foi aceito pelo deputado, segundo a assessoria.
Aluizio Dutra deixou o cargo na segunda-feira passada, um dia depois de o jornal "Folha de S.Paulo" publicar uma reportagem que o aponta como beneficiário de dinheiro de emendas parlamentares destinadas pelo deputado Henrique Alves para obras no Rio Grande do Norte.
Segundo a assessoria do deputado, o assessor pediu demissão para o caso "não servir de uso político". Henrique Eduardo Alves é candidato à presidência da Câmara dos Deputados com o aval da cúpula do PMDB. A assessoria do deputado negou que ele tenha cometido alguma irregularidade e afirmou que a campanha pela presidência da Câmara será intensificada nos próximos dias.
O líder do PMDB começou a busca de apoios para a campanha à presidência. Henrique Eduardo Alves está em Porto Alegre, onde deve se reunir com o governador do Estado, Tarso Genro, e com parlamentares da bancada gaúcha. Ainda nesta semana, o deputado vai apresentar seu plano de trabalho em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Carlos de Araújo (PDT-BA) afirmou nesta terça-feira, 15, que o colegiado "não foi provocado" sobre as denúncias envolvendo o líder do PMDB - ou seja, não foi feito ao conselho pedido de investigação de Alves.
Mesmo assim, na análise de Araújo, as denúncias podem ser prejudiciais para o candidato à presidência da Casa. "Qualquer notícia cria um problema para qualquer candidatura, mas acredito que o Henrique Eduardo tem justificativa para o caso. Ele já disse claramente que não tem ligação nenhuma", disse.
Gazeta do Oeste
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