Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura
Brasília (AE) - A presidenta Dilma Rousseff anunciou ontem à noite uma redução maior do que a prevista nas contas de luz. Num forte discurso, durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, a presidenta rebateu as críticas sobre a capacidade do governo de implantar a redução prometida e as "previsões alarmistas" sobre os riscos do País sofrer novamente com o racionamento de energia. A redução do custo da eletricidade entrará em vigor nesta quinta-feira. Para os consumidores residenciais, o corte será de 18%, acima dos 16,2% estimados em setembro do ano passado, quando foi anunciada a proposta de renovação antecipada das concessões do setor elétrico com redução no valor da tarifa cobrada pelas empresas. Para as indústrias, o corte será de até 32%, superando os 28% projetados anteriormente.
Wilson Dias/ABr
No pronunciamento em cadeia nacional, Dilma criticou alarmistas
Falando como candidata à reeleição, em tom incisivo, Dilma dedicou boa parte dos seus oito minutos de pronunciamento para atacar "aqueles que são sempre do contra" e responder aos que "se precipitaram com previsões sem fundamento" de que não seria possível cumprir a promessa de redução da tarifa, além de alardear "previsões alarmistas" de que o País vivia risco de racionamento.
Irritada com as críticas feitas por analistas e integrantes da oposição, a presidenta fez questão de responder no mesmo tom às críticas surgidas nas últimos semanas. "Surpreende que, desde o mês passado, algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou algum outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento, quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram", afirmou.
"Estamos vendo como erraram os que diziam meses atrás que não iríamos conseguir baixar os juros nem o custo da energia e que tentavam amedrontar o nosso povo, entre outras coisas, com a queda do emprego e a perda do poder de compra do salário", acrescentou. Diversos especialistas afirmaram que o uso das usinas termoelétricas - que geram energia mais cara - acabaria afetando a proposta do Palácio do Planalto de reduzir o custo da eletricidade no País.
A presidenta também deixou claro que a redução da conta de luz será aplicada em todas a regiões, mesmo nos Estados onde as concessionárias não aceitaram renovar suas concessões seguindo as regras impostas pelo Planalto. "Aproveito para esclarecer que os cidadãos atendidos pelas concessionárias que não aderiram ao nosso esforço terão ainda assim sua conta de luz reduzida como todos os brasileiros", afirmou a presidenta, em um claro recado aos governos tucanos de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. "Espero que, em breve, até mesmo aqueles que foram contrários à redução da tarifa venham a concordar com o que estou dizendo", prosseguiu.
Dilma destacou que o País "vive uma situação privilegiada no mundo" ao reduzir as tarifas ao mesmo tempo em que aumenta em 7% a oferta de energia. "O Brasil tem e terá energia mais que suficiente para o presente, para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo", afirmou. Em seguida, Dilma passou a listar números para provar que o País tem "toda a energia que precisa" para "crescer e bem" neste e nos próximos anos. Segundo a presidenta, os investimentos feitos "vão nos permitir dobrar, em 15 anos, nossa capacidade instalada de energia elétrica, que hoje é de 121 mil megawatts".
APAGÃO
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hübner, também reforçou o que disse a presidenta. Ele disse que o Brasil já tem segurança energética para sediar uma Copa do Mundo agora e que as obras, que estão sendo feitas no setor, são para atender exigências da Fifa (Federação Internacional de Futebol). "O que estamos fazendo é um conjunto de obras adicionais para dar muito mais segurança, por exigência da Fifa. É a redundância da redundância."
Segundo ele, as obras que apresentam algum tipo de atraso são na área de distribuição e podem ser executadas em um curto espaço de tempo, entre três e seis meses. De acordo com Hübner, o governo está monitorando a situação das obras, por meio de um grupo de trabalho coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, e as empresas estão sendo cobradas para execução no ritmo certo.
TRIBUNA DO NORTE
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