terça-feira, 1 de outubro de 2013

Cota de combustível da Polícia Militar cai 12%

Vinícius Menna - repórter

Viaturas paradas, ao invés de circularem nos bairros. Policiais priorizando uma ocorrência em detrimento de outras. Carros com o tanque vazio ao fim do dia e impossibilitados de fazer o patrulhamento durante à noite. Os relatos são de policiais militares que dizem estar com o trabalho prejudicado após o Governo do Estado ter adotado, nos últimos dois meses, uma redução na quantidade de combustível disponibilizada para cada viatura, medida que tem por objetivo evitar gastos desnecessários.
Adriano Abreu
Cotas de combustível para viaturas, segundo Araújo, estão sendo definidas de forma estratégica
De acordo com a secretária-adjunta de Administração do Governo do Estado, Suely Pimentel, em julho, a gestão do combustível da Polícia Militar, que era feita pela Secretaria de Estado de Administração e Recursos Humanos (Searh), passou a ser compartilhada com a PM. Conforme Suely Pimentel, entre julho e agosto houve redução de 12,2% no consumo, que saiu da casa dos 418,9 mil litros para 367,6 mil litros. Segundo a secretária-adjunta, a economia de um mês para o outro foi de cerca de R$ 148 mil. 

Em julho, o custo chegou a de R$ 1,21 milhão, caindo para algo em torno de R$ 1,06 milhão, em agosto. Nos meses anteriores, o consumo vinha subindo: em abril, foram 398,9 mil litros; em maio, 413,9 mil litros; em junho, 404,1 mil litros. 

“Essa redução dos custos de abastecimento está sendo feita em todos os órgãos da administração direta e indireta, inclusive parte da frota do Ministério Público, do Tribunal de Contas, do Tribuna l de Justiça e da Defensoria Pública”, explicou Suely Pimentel.

A TRIBUNA DO NORTE conversou ontem com policiais militares que fazem o patrulhamento ostensivo em diversos pontos de Natal e os relatos mostram que adoção de medidas de contenção de gastos prejudicou o patrulhamento. Eles pediram que seus nomes não fossem registrados para preservá-los.A redução começou em julho, quando a cota para os carros da PM saiu dos 40 litros para 35, em agosto, e 25 em setembro.

“Essa quantidade não atende completamente às necessidades do patrulhamento. Para economizar o combustível, ficamos em pontos base e pontos estratégicos, coordenados pelos oficiais. Isso prejudica porque muitas vezes esses locais ficam distantes de onde as ocorrências acontecem. Se estivéssemos rodando, o atendimento podia ser mais rápido”, contou um deles, que patrulha a Praia do Meio.

A cota diária reservada às viaturas encontradas pela reportagem tem sido de 25 litros para 24 horas de patrulhamento. “Acredito que às 11 horas da noite essa viatura já vai estar encostada”, disse um policial responsável pela ronda ostensiva no Alecrim. Segundo ele, é comum que o combustível só seja suficiente para durar o turno do dia. “Quando está acabando a gasolina, a gente corre para o batalhão mais próximo para não ficar a pé”, completou. 

Outro policial militar que trabalha na área da Redinha relatou que não dá para fazer o “patrulhamento padrão”. “Tem que economizar para cumprir as ocorrências. Só vamos em caso de urgência. Tem que priorizar as ocorrências porque cobrimos uma área muita extensa tendo 25 litros por dia”, informou.

A população notou a redução no patrulhamento. Segundo funcionárias de um mercado da Redinha, a polícia é ausente na região no período da noite. “Se tiver assalto à noite, não temos a quem recorrer. Eles [policias] nem passam depois das sete”, relatou Maria José Rodrigues, 44. Perto do mercado, a proprietária de um depósito de material de construção, Jeane Galdino, 40, ainda se recupera de um assalto à mão armada na semana passada. “Só quero esquecer”, disse ela.

TRIBUNA DO NORTE

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