Andrielle Mendes - Repórter
O Rio
Grande do Norte registrou um crescimento quase cinco vezes superior ao do Brasil
no valor investido por estrangeiros 'pessoa física' - que investem no mínimo R$
150 mil - e fechou o primeiro semestre de 2012 como segundo maior alvo desses
investidores, no país. Em três meses, o estado, que já liderou o ranking
nacional, passou da quinta para a segunda posição, desbancando o Ceará e a Bahia
e ficando atrás apenas de São Paulo (veja o quadro na página 2).
De
acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o valor investido no RN
entre janeiro e junho somou R$ 19,54 milhões (R$ 19.548.171,89), mais que o
dobro do total no mesmo período de 2011 (R$ 8 milhões). O valor subiu 144,3% no
RN, enquanto no Brasil, subiu 31,8%. "Natal é bem vista na Europa", diz Marcos
Alves, economista e professor de Engenharia Civil, Gestão Comercial e
Administração da Universidade Potiguar.
"O Brasil entrou na moda",
afirma Felipe Cavalcante, presidente do Conselho de Administração da Associação
para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT Brasil). "E com
o RN não foi diferente. A marca 'Natal' é muito forte no exterior", completa.
Para Marcos Alves, a cidade se torna ainda mais atrativa com obras de
infraestrutura, como a do aeroporto.
Para Felipe, o fato de a capital
potiguar não ter problemas de uma cidade grande também faz com que os
estrangeiros queiram vir para cá. "Todos os dias tem europeus entrando em
contato para dizer que está vindo morar no RN", afirma Soares Júnior, consultor.
De acordo com ele, "as pessoas estão se desfazendo de tudo o que tem na Europa
para morar e investir no Brasil". "As pessoas comparam a economia do Brasil com
a de outros países e resolvem vir para cá. O país começa a se tornar um imã de
trabalhadores e investidores", completa Felipe Cavalcante.
A retomada do
investimento estrangeiro 'pessoa física' no estado é vista como um bom sinal.
"Mas ainda é cedo para falar em recuperação", pondera Soares Junior. Felipe
Cavalcante lembra que o estado foi o que mais sofreu com a 'fuga' do investidor
estrangeiro e está apenas retomando sua posição.
O Rio Grande do Norte
fechou o primeiro trimestre com queda de 30% no volume investido por
estrangeiros pessoas físicas, caindo da quarta para a quinta posição.
Para os analistas, o estado precisa se preparar para receber não só os
pequenos, mas os grandes investidores. "Os grandes investidores não estão vindo
para o RN, estão indo para estados como Bahia e Ceará. É preciso atraí-los. E
isso só pode ser feito investindo em infraestrutura", diz Soares. "Se não
investir em infraestrutura, vai ficar difícil manter o nível de investimento",
completa Marcos Alves, economista.
Investimentos crescem, mas trabalho recua no
RN
Além do valor investido por estrangeiros 'pessoa física', o
Ministério do Trabalho e Emprego também divulgou o número de trabalhadores
estrangeiros contratados no primeiro semestre. O Rio Grande do Norte seguiu na
contramão do país e contratou menos trabalhadores estrangeiros. Enquanto o
número de autorizações concedidas recuou 18,27% no estado, subiu 23,9% no país.
Os mexicanos foram os que mais solicitaram autorização para trabalhar no Rio
Grande do Norte. Há três anos, eram os italianos que mais buscavam trabalho no
estado. Os analistas não souberam explicar a queda nem a mudança da origem dos
trabalhadores.
Marcos Alves, economista e professor de Construção Civil,
Administração e Gestão Comercial da Universidade Potiguar, se limitou a dizer
que a queda não seria significativa. Felipe Cavalcante, presidente do Conselho
de Administração da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do
Brasil (ADIT Brasil), que preferiu não comentar o quadro no RN, afirmou que o
"número de trabalhadores estrangeiros costuma subir onde projetos estruturantes
estão sendo executados". No Ceará, por exemplo, o número de autorizações
concedidas subiu quase 40% no mesmo período.
No Brasil, 32.913
profissionais (entre temporários e permanentes) obtiveram permissão para
trabalhar no Brasil, de janeiro a junho. Das autorizações concedidas nos seis
primeiros meses do ano, 29.065 foram temporárias e 3.848 permanentes. No mesmo
período de 2011, foram 26.545 concessões. O trabalho a bordo de embarcação ou
plataforma estrangeira continua absorvendo a maioria dos estrangeiros, com 8.257
profissionais autorizados a trabalhar temporariamente no Brasil. Trabalhadores
dos Estados Unidos foram os mais requisitados para trabalhar no país: com 4.539
autorizações; seguidos pelas Filipinas, 2.299; e Reino Unido, 2.036.
"A
vinda de trabalhadores dos Estados Unidos está relacionada aos investimentos
feitos pelas empresas e também porque a maior parte de artistas que vem ao
Brasil são daquele país", comentou o coordenador-geral de Imigração do MTE,
Paulo Sérgio de Almeida. A maior parte das autorizações de trabalho temporário
foi para os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. "Isso está relacionado ao
setor de petróleo, que concentra 30% das autorizações", disse o coordenador.
O MTE lembra que as empresas que contratam estrangeiros devem comprovar
não terem conseguido mão-de-obra especializada no Brasil, pois o Ministério
autoriza o ingresso de estrangeiros apenas se não houver, no país, profissionais
qualificados para a atividade.
VÍNCULO
EMPREGATÍCIO
Brasília - Estrangeiros com vínculo empregatício no
Brasil e contrato de dois anos podem requerer a transformação do visto
temporário em permanente. Antes essas transformações só ocorriam após quatro
anos de trabalho, dois anos prorrogáveis por mais dois. "Essa medida vai
diminuir a burocracia tanto para o estrangeiro quanto para o Estado, que não
precisará prorrogar o visto por mais dois anos. Vale ressaltar, que, apesar da
transformação em permanente, o estrangeiro permanecerá vinculado à Empresa
responsável pela sua estada em território brasileiro por quatro anos," explica a
diretora do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, Izaura
Miranda.
*TRIBUNA DO NORTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário