quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Investimentos no RN crescem acima da média nacional



Andrielle Mendes - Repórter

O Rio Grande do Norte registrou um crescimento quase cinco vezes superior ao do Brasil no valor investido por estrangeiros 'pessoa física' -  que investem no mínimo R$ 150 mil - e fechou o primeiro semestre de 2012 como segundo maior alvo desses investidores, no país. Em três meses, o estado, que já liderou o ranking nacional, passou da quinta para a segunda posição, desbancando o Ceará e a Bahia e ficando atrás apenas de São Paulo (veja o quadro na página 2). 

De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o valor investido no RN entre janeiro e junho somou R$ 19,54 milhões (R$ 19.548.171,89), mais que o dobro do total no mesmo período de 2011 (R$ 8 milhões).  O valor subiu 144,3% no RN, enquanto no Brasil, subiu 31,8%.  "Natal é bem vista na Europa", diz Marcos Alves, economista e professor de Engenharia Civil, Gestão Comercial e Administração da Universidade Potiguar. 

"O Brasil entrou na moda", afirma Felipe Cavalcante, presidente do Conselho de Administração da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil  (ADIT Brasil). "E com o RN não foi diferente. A marca 'Natal' é muito forte no exterior", completa. Para Marcos Alves, a cidade se torna ainda mais atrativa com obras de infraestrutura, como a do aeroporto.

Para Felipe, o fato de a capital potiguar não ter problemas de uma cidade grande também faz com que os estrangeiros queiram vir para cá. "Todos os dias tem europeus entrando em contato para dizer que está vindo morar no RN", afirma Soares Júnior, consultor. De acordo com ele, "as pessoas estão se desfazendo de tudo o que tem na Europa para morar e investir no Brasil". "As pessoas comparam a economia do Brasil com a de outros países e resolvem vir para cá. O país começa a se tornar um imã de trabalhadores e investidores", completa Felipe Cavalcante. 

A retomada do investimento estrangeiro 'pessoa física' no estado é vista como um bom sinal. "Mas ainda é cedo para falar em recuperação", pondera Soares Junior. Felipe Cavalcante lembra que o estado foi o que mais sofreu com a 'fuga' do investidor estrangeiro e está apenas retomando sua posição.

O Rio Grande do Norte fechou o primeiro trimestre com queda de 30% no volume investido por estrangeiros pessoas físicas, caindo da quarta para a quinta posição. 

Para os analistas, o estado precisa se preparar para receber não só os pequenos, mas os grandes investidores. "Os grandes investidores não estão vindo para o RN, estão indo para estados como Bahia e Ceará. É preciso atraí-los. E isso só pode ser feito investindo em infraestrutura", diz Soares. "Se não investir em infraestrutura, vai ficar difícil manter o nível de investimento", completa Marcos Alves, economista.

Investimentos crescem, mas trabalho recua no RN

Além do valor investido por estrangeiros 'pessoa física', o Ministério do Trabalho e Emprego  também divulgou o número de  trabalhadores estrangeiros contratados no primeiro semestre. O Rio Grande do Norte seguiu na contramão do país e contratou menos trabalhadores estrangeiros. Enquanto o número de autorizações concedidas recuou 18,27% no estado, subiu 23,9% no país. Os mexicanos foram os que mais solicitaram autorização para trabalhar no Rio Grande do Norte. Há três anos, eram os italianos que mais buscavam trabalho no estado. Os analistas não souberam explicar a queda nem a mudança da origem dos trabalhadores. 

Marcos Alves, economista e professor de Construção Civil, Administração e Gestão Comercial da Universidade Potiguar, se limitou a dizer que a queda não seria significativa. Felipe Cavalcante, presidente do Conselho de Administração da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil  (ADIT Brasil), que preferiu não comentar o quadro no RN, afirmou que o "número de trabalhadores estrangeiros costuma subir onde  projetos estruturantes estão sendo executados". No Ceará, por exemplo, o número de autorizações concedidas subiu quase 40% no mesmo período. 

No Brasil, 32.913 profissionais (entre temporários e permanentes) obtiveram permissão para trabalhar no Brasil, de janeiro a junho. Das autorizações concedidas nos seis primeiros meses do ano, 29.065 foram temporárias e 3.848 permanentes. No mesmo período de 2011, foram 26.545 concessões. O trabalho a bordo de embarcação ou plataforma estrangeira continua absorvendo a maioria dos estrangeiros, com 8.257 profissionais autorizados a trabalhar temporariamente no Brasil.  Trabalhadores dos Estados Unidos foram os mais requisitados para trabalhar no país: com 4.539 autorizações; seguidos pelas Filipinas, 2.299; e Reino Unido, 2.036. 

"A vinda de trabalhadores dos Estados Unidos está relacionada aos investimentos feitos pelas empresas e também porque a maior parte de artistas que vem ao Brasil são daquele país", comentou o coordenador-geral de Imigração do MTE, Paulo Sérgio de Almeida. A maior parte das autorizações de trabalho temporário foi para os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. "Isso está relacionado ao setor de petróleo, que concentra 30% das autorizações", disse o coordenador. 

O MTE lembra que as empresas que contratam estrangeiros devem comprovar não terem conseguido mão-de-obra especializada no Brasil, pois o Ministério autoriza o ingresso de estrangeiros apenas se não houver, no país, profissionais qualificados para a atividade.

VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Brasília - Estrangeiros com vínculo empregatício no Brasil e contrato de dois anos podem requerer a transformação do visto temporário em permanente. Antes essas transformações só ocorriam após quatro anos de trabalho, dois anos prorrogáveis por mais dois. "Essa medida vai diminuir a burocracia tanto para o estrangeiro quanto para o Estado, que não precisará prorrogar o visto por mais dois anos. Vale ressaltar, que, apesar da transformação em permanente, o estrangeiro permanecerá vinculado à Empresa responsável pela sua estada em território brasileiro por quatro anos," explica a diretora do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, Izaura Miranda.


*TRIBUNA DO NORTE

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