Alex Costa - Repórter
No final da tarde
de ontem (29), aproximadamente 800 pessoas, principalmente estudantes, se
aglomeraram ao longo da BR 101 e avenida Senador Salgado Filho e iniciaram uma
passeata contra o aumento repentino do valor das passagens de ônibus em Natal. A
movimentação foi organizada através das redes sociais . Com faixas, bandeiras
pretas e fogos de artifício sonoros e luminosos, os manifestantes bradavam
gritos de guerra, apoiando-se contra a decisão da prefeitura. Por mais de duas
horas, o trânsito na zona Sul de Natal permaneceu parado, gerando filas
gigantescas de congestionamento.
A mobilização começou por volta das 18h. Em frente
da parada do circular, jovens de várias idades iniciaram o protesto. Alguns
chegaram a subir no telhado do ônibus, onde pulavam e instigavam os revoltados.
"Isso é o mínimo que nós podemos fazer para mostrar a nossa revolta. O que o
povo de Natal é para essa prefeitura? Por acaso somos um bando de ignorantes,
para que não haja qualquer tipo de diálogo antes de uma tomada de decisão que
afeta a todos?", questiona Jéssica Régis, de 22 anos, que portava um megafone
durante o protesto.
Em seguida, a multidão desceu em massa pela BR 101,
em direção a Av. Salgado Filho, parando as quatro vias de trânsito, nos dois
sentidos do fluxo. Por 15 minutos, os manifestantes permaneceram sentados na
via, e impediam até mesmo que motocicletas "furassem o bloqueio humano". Livros
eram queimados sobre as muretas que dividem a rodovia federal BR-101. Tudo o que
era possível para chamar a atenção dos transeuntes era feito pelos
manifestantes.
POLÍCIA
Ao
longo da rodovia federal, a Polícia Rodoviária Federal contou com o apoio da
Polícia Militar para coordenar o movimento, que seguiu em passos lentos. No
local, o comandante do policiamento metropolitano, Coronel Alarico, iniciou o
trabalho para acabar com a movimentação. "Eles vinham fazendo uma passeata
pacífica, mas no momento em que resistem em sair da rodovia e impedem a livre
circulação de veículos numa via que é a entrada de Natal nós somos obrigados a
agir. Sem contar que a Salgado Filho é uma via de acesso para ambulâncias, que
já ligavam para a PM solicitando o apoio", alertou o coronel.
Ciente de
que a intenção dos manifestantes seria de parar no cruzamento da avenida
Bernardo Vieira com a Salgado Filho, a Polícia Militar interviu com a Polícia
Montada e com o Batalhão de Choque. Cerca de 50 policiais se dividiam para
impedir a passagem dos jovens. Uma frente de policiais de choque, com escudos,
fecharam o acesso em frente à faculdade de odontologia da UFRN. Os manifestantes
reagiram: "Não somos ladrões. Apenas estamos fazendo uso do nosso direito de ir
e vir e de reivindicar os nossos direitos".
Ao se sentirem ameaçados pela
contenção da caminhada, os manifestantes reagiram atirando pedras na direção dos
policiais. Imediatamente, foi dado o comando de fogo. Bombas de efeito moral,
gás lacrimogênio e de pimenta foram lançados sobre a multidão, que se dissipou.
Muitos reagiram ao comando de recuo da Polícia Militar e acabaram causando um
tumulto maior.
CONFUSÃO
Acusado de desacato e
desobediência à voz de polícia, um jovem de 24 anos, identificado como Marcelo
Victor de Lima, foi apreendido e encaminhado para a Delegacia de Plantão Zona
Sul ,onde prestou esclarecimentos. De acordo com o coronel Alarico, o jovem
deverá responder a um Termo Circunstancial de Ocorrência e poderá prestar
serviços à sociedade. "O direito de ir e vir de alguns, termina quando começa o
direito de outras pessoas", afirmou o comandante. Uma das bombas atiradas pelos
policiais causou o rompimento de um fio de fornecimento de energia elétrica que
ficou caído sobre a avenida Salgado Filho. Ninguém ficou ferido. A área foi
cercada pela Polícia Militar, que ficou de plantão no local por algumas horas
para evitar novos transtornos. Um desvio foi criado para que o trânsito pudesse
fluir da melhor maneira. Os carros que vinham no sentido Midway Mall precisaram
desviar pela avenida Xavier da Silveira. Já os carros que vinham no sentido
Natal Shopping eram desviados para a avenida Antônio Basílio. A Cosern informou
que o conserto na fiação rompida com o motim ocorreria a partir das 11h da noite
de ontem.
Memória - Tarifa chegou a R$
2,40
No final da tarde da última segunda-feira (27), a secretaria
municipal de Mobilidade Urbana (Semob) decidiu aplicar a nova tarifa para os
transportes públicos da capital potiguar. O aumento exigido pelos empresários
era de R$2,55, tendo em vista os impostos, aumento do diesel e o reajuste de
dois salários dos motoristas e cobradores. A Semob concedeu de surpresa um
aumento de R$O,20 na passagem.
A tarifa passou para R$2,40 e pegou
desprevenida toda a população natalense na terça-feira (27). Muitas pessoas
foram barradas nas roletas por não entregarem a quantia certa para o pagamento
do serviço. Revoltados, estudantes começaram um protesto virtual nas mídias
sociais. O Twitter e o Facebook foram os principais veículos de convocação de
pessoas para participar de um ato públlico contra o aumento da tarifa nos
transportes urbanos.
*TRIBUNA DO NORTE
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