A queda na safra de frutas e a restrição de recursos financeiros provocadas pela seca levaram ao cancelamento da 17ª edição da Feira Internacional da Fruticultura Irrigada (Expofruit), que seria realizada entre 10 e 12 de julho deste ano em Mossoró. O evento é o maior do setor no estado. O cancelamento - inédito em 17 anos - foi anunciado ontem pelo Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex).
O Comitê elencou entre os motivos dificuldades financeiras vividas pelos produtores, em especial os que trabalham em pequenas unidades produtivas, e a situação de calamidade provocada pela seca no Nordeste. Isso teria restringindo a disponibilidade de recursos, inclusive do setor público, para a realização do evento. A feira seria realizada a um custo de R$ 500 mil. As cotas do governo do Estado e da Prefeitura de Mossoró, de R$ 150 mil e R$ 70 mil, respectivamente, estavam previstas em orçamento. O Sebrae seria o maior patrocinador do evento.
Alex Régis
Luiz Barcelos, do Coex: a partir de 2014 a feira será bienal
“Não há razão em promover o evento se não temos produtos para fecharmos os contratos, se os pequenos produtores estão prejudicados, mal conseguem plantar. E a sobra da safra passada é insuficiente.”, disse o presidente do Coex e sócio-diretor da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos. Ele afirmou que irá pedir a Prefeitura e ao governo do Estado a destinação dos recursos para ações de mitigação dos efeitos da seca.
As chuvas que caíram nos últimos dias são insuficientes, segundo Barcelos, para garantir safra expressiva. “Não dá para falar em prejuízos. Mas é fato que os aqüíferos que atendem a região estão em colapso”, frisa.
O setor ainda espera a consolidação das propostas apresentadas durante a instalação da Câmara Setorial da Fruticultura como a implantação do perímetros irrigado do Apodi, da estrada do melão e a restituição do ICMS para as exportações.
Mercado
No ano passado, a rodada de negócios da Expofruit movimentou mais de R$ 18 milhões. Para este ano, explica o gestor do projeto de fruticultura do Sebrae RN, Franco Marinho, a previsão era em torno dos R$ 14 milhões. Segundo o Coex, os produtores não conseguiriam atender possíveis demandas que surgiriam nas rodadas. Com o evento deste ano a expectativa dos produtores era conquistar espaço no mercado norte americano.
Marinho, que estava em um Seminário em Fortaleza, disse não poder especificar no momento o valor que seria investido pelo Sebrae.
O superintendente do Sebrae/RN, Zeca Melo, disse que respeita a decisão do Comitê e retomará o apoio no ano que vem. “Não há como realizar a feira sem a participação dos pequenos produtores”, afirma.
O assessor técnico da Secretaria Estadual de Agricultura, Tarcísio Bezerra, disse que havia previsão orçamentária e aguardava somente a assinatura do convênio para liberação. “Há dez anos participamos e a cota foi mantida em R$ 150 mil”,afirmou.
A partir de 2014, quando volta a ocorrer a feira, o evento será bienal. A decisão de alterar a periodicidade tem, segundo o Coex, o objetivo de garantir a formatação de um evento de maior porte, mais direcionado às necessidades dos produtores locais. De acordo com o Comitê, com a mudança no intervalo entre as feiras, será mais fácil captar recursos e garantir a presença de grandes empresas, público interessado e palestrantes qualificados.
A queda na produção de melão e de melancia, principais frutas da pauta de exportações, foi menor em relação às perdas amargadas pelos produtores de mamão e banana, que demandam maior consumo de água durante todo o ano, segundo informações do Coex.
A fruticultura responde por cerca de 50% da pauta de exportações do estado.
TRIBUNA DO NORTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário