quarta-feira, 29 de maio de 2013

Em dez anos, RN reduziu trabalho infantil em 20%

Roberto Lucena - repórter

O Rio Grande do Norte está na lista dos dez Estados brasileiros que mais conseguiram reduzir, entre os anos de 2000 e 2010, o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há três anos, apontava a existência de 43.304 pessoas com idade entre 10 e 17 anos trabalhando. Em 2000, esse número era 20% maior, ou seja, no início daquela década, existiam 54.747 jovens trabalhando.

Adriano Abreu
Bruno tem 18 anos, mas trabalha desde garoto, ajudando a desarmar barracas em uma feira livre

Para o analista do IBGE/RN, Ivanilton Passos, dois fatores podem explicar essa diminuição dos números: as políticas públicas desenvolvas pelo Governo Federal e a redução da população jovem. “Os programas sociais, especialmente aqueles que incentivam a manutenção das crianças nas escolas bem como a redução da taxa de fecundidade são fatores que explicam a redução do trabalho infantil”, colocou.

Apesar dos números apontarem a redução do trabalho infantil no Estado, alguns municípios potiguares registraram aumento desse índice. É o caso de Touros, localizado a 87 quilômetros de Natal. Lá, o IBGE aponta que houve um aumento de 17% no número de jovens em situação de trabalho infantil [confira box].

Em 2010, Natal era a cidade com o maior número de crianças e adolescentes trabalhando em várias atividades, entre elas, comércio, reparação de veículos automotores e até mesmo na agricultura, pecuária e pesca. O estudo do IBGE aponta que houve no número do trabalho infantil na capital, no entanto, é fácil comprovar que muitas crianças natalenses ainda vivem a realidade do trabalho infantil. É o caso do menino F.S., 14 anos. Na tarde de ontem, o adolescente limpava os vidros dos carros que paravam no semáforo localizado em Igapó. “Chego aqui umas 9h e fico até o início da noite”, avisou. Por cada dia de trabalho, ele recebe cerca de R$ 30,00. 

Perto dali, o jovem Bruno Silva, 18 anos, ajuda o irmão a desarmar as barracas de uma feira livre. Bruno conta que trabalha no local há muitos anos. “Trabalho aqui, junto com meu irmão mais velho, mas tenho tempo de ir à escola também”, avisou. Segundo os dados o IBGE, das 43.304 crianças e adolescentes que trabalham no Estado, 2.018 não frequentam a escola. “Dificulta a ida à escola o envolvimento com afazeres domésticos e a dificuldade de acesso ao local”, analisou Ivanilton Passos.

Para o pequeno F.S., a escola atrapalha o trabalho. “Achei bom que a escola entrou de greve. Pelo menos assim eu tenho mais tempo de ficar ganhando dinheiro”, disse.

TRIBUNA DO NORTE

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